Relief Rally
A despeito de mais um dia de forte
pressão sobre as bolsas da China,
que caíram mais de 7% nesta terça-feira, os demais ativos de risco ao redor do mundo
estão apresentando o que podemos chamar de “relief
rally”, ou uma melhora rápida e acentuada dentro de um processo que ainda
me parece ser mais negativo do que positivo. Ainda acho cedo para celebrar uma
vitória diante dos desafios ao redor do mundo, mas os mercado haviam ficados
excessivamente pressionados nos últimos dias e um movimento como o de hoje me
parece natural e saudável. De qualquer maneira, ainda vejo sinais claros de
fragilidade nos ativos de risco, o que deve manter a volatilidade elevada e
favorecer novas rodadas de “risk-off”
no futuro não muito distante.
A agenda do dia será mais agitada.
Dados sinalizando uma economia norte americana ainda saudável podem vir a
ajudar no humor dos mercados globais, apesar de não serem um vetor determinante
para reverter completamente a direção dos mercados. Os problemas da economia
mundial hoje estão concentrados na China e nos países emergentes. Assim, a
reação deve conter medidas estruturais que caminhem na direção de equacionar os
problemas nesses países ou regiões.
A China
anunciou que irá cancelar temporariamente parte das medidas de suporte ao
mercado que havia colocado em pratica nos últimos meses, basicamente
confirmando o insucesso das medidas. Por outro lado, o PBoC tem sido bastante
agressivo na condução de sua política monetária, injetando somas relevantes de
liquidez na economia nos últimos dias, em uma incessante batalha para trazer as
taxas de juros de mercado para níveis mais baixos. Acredito que os police makers chineses estão em busca de
medidas que visem dar um suporte mais persistente e saudável a economia, e em
breve deverão anunciar novas medidas visando a estabilização do crescimento do
país. Meu medo, contudo, é elas não sejam fortes o suficiente para conter o
humor dos investidores no curto-prazo.
Segundo a Bloomberg: China has halted intervention in the
stock market so far this week as policy makers debate the merits of an
unprecedented government campaign to
prop up share prices, according to people familiar with situation. Some
officials argue that falling stocks will have a limited impact on the world’s
second-largest economy and that the costs of supporting the market are too
high, said one of the people, who asked not to be identified because the
deliberations are private. Officials who back intervention say tumbling shares
pose a risk to the banking system, the people said.
No Brasil,
em mais uma tentativa tímida de conter a crise política, o governo anunciou o
corte de 10 ministérios. Além disso, de Washington, Joaquim Levy tentou acalmar
os investidores, novamente falando em uma crise externa temporária, mas
reforçando a necessidade de ajustes no país. Michel Temer, por sua vez,
abandonou a coordenação política, optando por uma saída “de fininho” e educada,
mas em mais um importante passo de distanciamento do PMDB do atual governo.
Ainda vejo uma situação econômica e política extremamente delicadas, sem nenhum
sinal concreto de estabilização, especialmente com a Operação Lava-Jato
trazendo novidades quase que semanais a cena política local.
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