Update
Os ruídos emitidos pelos países
emergentes estão testando a capacidade dos demais ativos de risco em sustentar
uma situação de relativa normalidade. Após operar sobre forte pressão ao longo
do dia, estamos observando algum alívio sobre os mercados globais, sustentados
por uma Minuta de FOMC que mostra um Comitê ainda dividido e indeciso em
relação ao timing para o começo de um
processo de alta de juros nos EUA. O Core CPI não trouxe grandes novidades ao
cenário.
Na minha visão, será preciso um acumulo
de vetores para que as “Mini Crises Emergentes” sejam freadas e impedidas de
gerar contágio para o resto do mundo. Um Fed ainda em estado de espera para o
começo do processo de alta de juros é uma condição necessária, porém não
suficiente para que os ativos emergentes entrem em um caminho mais suave e
menos negativo. Além do Fed, será preciso uma postura ainda mais agressiva por
parte do governo da China na sustentação de seu crescimento, talvez um ECB
ainda mais agressivo na Europa, assim como o desembaraço de problemas econômicos
e políticos locais, em casos como a Rússia, Brasil e Turquia, por exemplo. A
estabilização das commodities será uma consequência deste cenário. Enquanto
este acúmulo de medidas não é efetivado, estamos correndo o risco de uma crise mundial
mais aguda, e um cenário base de extrema volatilidade e incerteza.
Assim, continuo
bastante preocupado com o cenário e a dinâmica para os países emergentes, como tenho
reforçado neste fórum nas últimas semanas. Ainda não vejo os vetores
necessários para que o cenário deterioração destes países (e seus ativos) seja
definitivamente freada. Ainda tenho a sensação de que estamos no meio deste
processo e novas rodadas de deterioração serão necessárias para trazer um
balanceamento ao mercado. Vejo posições compradas em dólar contra uma cesta de
moedas como a melhor maneira de navegar este ambiente. Acredito que o momento
seja de parcimônia, com posições táticas e stops curtos. Não é o momento de
estar alocado em bolsas globais e nem na parte tomada das curvas de juros dos
EUA, por exemplo.
Brasil – Os ativos
locais seguiram basicamente o humor global a risco ao longo do dia, em um claro
movimento de aversão a risco. Dólar em alta, steepening da curva de juros e
forte queda do Ibovespa. Mantenho a postura aplicada na parte curta da curva
local de juros (Jan17) e posições compradas em dólar via estratégias de opção
com as perdas limitadas ao prêmio. Eu entendo que possa haver um fluxo
relevante para o dólar no final deste mês, assim como uma melhora de humor
local após o anuncio da rolagem integral de swaps cambias. Contudo, ainda vejo
o quadro político com insegurança e uma posição técnica leve na compra do
dólar. A moeda pode consolidar em torno de 3,4-3,5 nos próximos dias, mas a
direção de alta não deve ser alterada. No mercado de juros, o governo sinaliza
com mais ajuste fiscal, mais aumento de imposto, o que implica,
necessariamente, menos crescimento. Acredito que, exceto uma crise global mais
aguda, o BCB não irá elevar mais as taxas de juros. A inflação de curto-prazo
tem se mostrado mais amena, o que deveria ajudar o humor para a curva local de
juros.
A mídia está afirmando hoje que Eduardo
Cunha irá ser oficialmente denunciado amanhã. A postura que ele irá adotar de
agora em diante será uma incógnita.
O IBC-Br apresentou queda de 0,58% em
junho, em linha com as expectativas e reforçando o cenário de recessão para o
país. O PIB deve cair, no mínimo, 2,5% este ano e mais de 0,5% no ano que vem.
O governo está prometendo um ajuste
fiscal rigoroso em 2016 por um lado, mas voltando ao passado recente ao
estimular o crédito para alguns setores específicos. Além disso, o governo
continua perdendo importantes “brigas” no Congresso. Acredito que a situação
esteja longe de estar estabilizada, especialmente com o PSDB buscando, agora,
um maior protagonismo na oposição.
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