Consolidação...

A segunda-feira confirmou o meu receio de que o mercado poderia promover uma correção técnica em alguns ativos de risco. Eu vejo o movimento positivos dos ativos no Brasil, assim como o arrefecimento do dólar no mundo e a alta nas commodities, como movimentos puramente pontuais, localizados e técnicos, sem base nos fundamentos. De qualquer maneira, a postura de reduzir risco substancialmente se mostrou prudente. Por hora, não vejo motivos para alterar essa diretriz. Vou olhar movimentos adicionais nesta direção, contudo, como oportunidades para voltar a alocar risco de maneira mais substancial novamente, especialmente na compra do dólar contra uma cesta de moedas, inclusive no que diz respeito ao BRL. Minha visão continua direcionada para posições compradas em bolsa na Europa e aplicada em juros no Brasil, assim como estruturalmente comprada em dólar. O momento, contudo, é de parcimônia e as posições devem estar menores do que no passado recente.

As expectativas de uma nova rodada de estímulos na China estão dando suporte aos ativos de risco ao redor do mundo no começo desta semana (especialmente as bolsas e commodities, mas também algumas moedas). Estes movimentos costumam ser naturais, saudáveis e recorrentes dentro de um pano de fundo estrutural que ainda não mostra alteração do cenário base, onde a China cresce estruturalmente menos de agora em diante. Ciclicamente, contudo, é natural observamos períodos de melhor desempenho dos ativos que dependem da demanda chinesa, muitas vezes sustentados por expectativas de novas rodadas de estímulos.

Reforço minha visão de sexta-feira passada, acredito que o momento seja de trabalhar com uma menor exposição a risco. Não teria posições relevantes no BRL nos atuais níveis, trabalhando apenas com estruturas de opção que tenham alguma alavancagem caso o movimento de depreciação da moeda continue, mas com perdas limitadas ao prêmio. Vejo valor na curva local de juros, mas a fragilidade do mercado sinaliza para a necessidade de manter os stops curtos e a posição pequena (não superiores a 10% do risco). No resto do mundo, observamos um movimento de enfraquecimento do dólar, que me parece mais técnica do que fundamental. De qualquer maneira, acredito que seja o momento de trabalhar com posições menores nesta classe de ativos, com parte dos stops que eu vinha propondo tendo sido atingidos. Nos atuais níveis, concentraria a posição na venda de EUR, mas com tamanho mais reduzido. Ainda vejo um ambiente propício a alta do dólar no mundo, mas entendo que possamos passar por um período de consolidação. Olharia os próximos dias/semanas para adicionar risco a esta posição caso o mercado continue seu processo de consolidação. As vols implícitas voltaram a cair, o que pode trazer oportunidade de alocação no mercado de opções.


Brasil – A segunda-feira foi de poucas novidades relevantes ao cenário econômico ou político local. Os ativos financeiros, contudo, apresentaram uma reversão da forte pressão verificada nos últimos dias. A curva de juros continuou seu movimento de steepening, mas desta vem com um bull steepening da curva. Nos atuais níveis, vejo valor no FRA de 2016, a 14,15%. Desde a decisão do BCB em acelerar o ritmo de rolagem dos swaps, e ajudado por um arrefecimento do dólar no mundo, o BRL passou de 3,55 para abaixo de 3,50. O mercado parece consolidar em torno de 3,4-3,5 no curto-prazo. Na ausência de avanços concretos no cenário político, não vejo espaço muito grande para um rally mais acentuado e persistente da moeda. A posição técnica se mostra relativamente leve e o mercado já parece ter reduzido substancialmente as posições compradas em dólar. Apenas o vetor externo será capaz de segurar a moeda por um tempo mais prolongado, na minha visão. As vols implícitas no mercado de opções saíram de 19%-20% para 17%-18%, com o BCB ajudando a dar algum suporte ao mercado. O mesmo vale para o Cupom Cambial, que apresentou leve queda nos últimos dias. No mercado de renda variável, o Ibovespa continua girando em torno dos 50 mil pontos, com um leve viés de baixa. Por um lado, a recuperação pontual das commodities podem dar suporte ao índice, enquanto o cenário local não apresenta motivos para otimismo.

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