From EM to DM. VaR shock.
Estamos no meio de um movimento extremamente técnico dos
mercados globais, o que ainda mostra fragilidade e falta de convicção por parte
dos investidores. A quinta-feira está sendo marcada por uma forte queda das
bolsas dos países desenvolvidos, enquanto os ativos emergentes e as commodities
apresentam um movimento de descompressão.
Em períodos de aversão a risco (risk-off), os
investidores zeram posições nos ativos que eles detêm, neste caso, bolsas dos
países desenvolvidos, posições vendidas em emergentes, vendidas em commodities
e vendidas em EUR, por exemplo. Com o aumento da volatilidade dos mercados, o
VaR das carteiras aumentam, forçando movimentos de zerada de posições.
Eu concordo com a frase da ML de hoje mais cedo: We believe markets stop panicking when
central banks panic.
Como comentei mais cedo, na minha visão, será preciso um acumulo
de vetores para que as “Mini Crises Emergentes” sejam freadas e impedidas de
gerar contágio para o resto do mundo. Um Fed ainda em estado de espera para o
começo do processo de alta de juros é uma condição necessária, porém não
suficiente para que os ativos emergentes entrem em um caminho mais suave e
menos negativo. Além do Fed, será preciso uma postura ainda mais agressiva por
parte do governo da China na sustentação de seu crescimento, talvez um ECB
ainda mais agressivo na Europa, assim como o desembaraço de problemas
econômicos e políticos locais, em casos como a Rússia, Brasil e Turquia, por
exemplo. A estabilização das commodities será uma consequência deste cenário.
Enquanto este acúmulo de medidas não é efetivado, estamos correndo o risco de
uma crise mundial mais aguda, e um cenário base de extrema volatilidade e
incerteza.
Brasil – A
Taxa de Desemprego subiu de 6,9% para 7,5% em julho, muito acima das
expectativas de 7,0%. O emprego se deteriora a passos largos, reforçando o
cenário para um fraquíssimo PIB neste e no próximo ano.
O BRL segue em sua trajetória de consolidação em torno de
3,4-3,5. Alguns vetores pontuais estão ajudando o movimento de acomodação da
moeda nos últimos dias:
- Expectativas
de M&A da Souza Cruz com BAT;
- Perspectiva
de aprovação da anistia a repatriação de recursos externo;
- Over hedge
dos bancos com o aumento da CSLL;
- Rolagem
integral dos swaps cambiais anunciado no início do mês.
Já a curva de juros, apresentou mais um movimento de steepening.
A curva ainda precifica altas de cerca de 10bps nas próximas 3 reuniões do
Copom, com um ciclo moderado de queda iniciando no final do primeiro trimestre
do ano que vem. No curto-prazo, deveremos ter uma sazonalidade mais positiva
para inflação, enquanto o crescimento deve dar sinais inequívocos de fraqueza.
Assim, espero um ambiente favorável para a parte curta da curva de juros.
EUA – O
Jobless Claims subiu marginalmente, de 273k para 277k, mostrando um mercado de
trabalho ainda robusto. O Philadelphia Fed saiu de 5,7 para 8,3 pontos em
agosto, acima das expectativas de 6,5 pontos, enquanto o Existing Home Sales
passou de 5,48M para 5,59M, acima das expectativas de 5,43M. O cenário de
crescimento para o país ainda me parece positivo, mas os desenvolvimentos
recentes devem ser um forte argumento para o Fed, uma vez mais, adiar o começo
do processo de alta de juros no país.
China – De
acordo com a Bloomberg, o PBoC vem injetando vultuosas somas de recursos no
mercado nos últimos dias, com o intuito de trazer as taxas de juros de mercado
para níveis mais baixos. Por hora, o PBoC não tem sido bem sucedido em sua
empreitada. Será necessário um conjunto de ações ainda mais agressivas para
estabilizar a economia e os mercados financeiros locais.
Emergentes – Após o ajuste nas taxas de câmbio de Rússia, Brasil e Turquia
(entre muitos outros), os países que mantinham suas taxas de câmbio fixas
começam a mudar de postura. O Cazaquistão foi o último país a adotar um câmbio
mais flexível, depreciando sua moeda em mais de 25% em 2 dias. Quem será o
próximo domino a cair? Arábia Saudita?
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