China (ainda) em foco.
A agenda do dia terá como destaque as
vendas no varejo no Brasil e o JOLTS Jobs Openings nos EUA.
Na Europa,
a produção industrial de junho apresentou queda de 0,4% MoM, abaixo das
expectativas de queda de 0,1% MoM. OS números recentes criaram algum viés
negativo para o crescimento de curto-prazo da região, mas não alteram
significativamente o cenário para o resto do ano. De maneira geral, apenas
reforçam a necessidade de manutenção de uma política monetária extremamente
expansionista por parte do ECB.
No Brasil,
no final da tarde de ontem, a Moody´s anunciou o tão esperado rebaixamento da
nota de crédito do país. Contudo, manteve o Outlook estável. Assim, a Moody´s mantém
o Brasil levemente acima do S&P, cuja o Outlook foi rebaixado para
negativo. Como o mercado trabalhava com uma nota de crédito igual a do S&P,
a notícia foi recebida como positiva. A perda do Investment Grade fica mais
distante, mas ainda me parece o cenário base para os próximos 6 a 18 meses. No
campo político, o Senado acena algum apoio ao governo, o que pode aliviar o
clima no curto-prazo. De qualquer maneira, ainda vejo um cenário político e econômico
conturbado, o que irá impedir melhoras mais consistentes e permanentes dos
ativos locais.
Existia uma grande dúvida nos mercados
globais durante o dia de ontem de como seria a atuação do governo da China na condução do fixing do CNY durante a noite. Esta
dúvida, agora, já foi superada. Mantendo o compromisso com um sistema cambial
um pouco mais livre e em linha com os movimentos de mercado e com o balanço
entre a oferta e a demanda pela moeda do país, a China fixou o CNY em cerca de
1,6% mais depreciado do que no dia anterior , somando uma depreciação em torno
de 3,5% da moeda em apenas dois dias, um movimento que até o começo desta
semana era impensado e uma magnitude que, nas últimas décadas, chegava a levar quase
um ano inteiro para ocorrer. Assim, a conclusão mais óbvia, neste momento, é
que o governo chinês está realmente comprometido com a reforma no sistema
cambial. Levando em conta que a moeda apresentava uma valorização real efetiva
em torno de 15% até o começo da semana, podemos esperar novas rodadas de
depreciação do CNY nos próximos meses, especialmente se o movimento de
fortalecimento do dólar no mundo tiver prosseguimento.
Como tenho insistido desde o anúncio deste
“novo” sistema cambial, os eventos
recentes tendem a ser altistas para o dólar e baixistas para as taxas globais
de juros. No atual cenário, não tenho grandes convicções no mercado de juros
dos EUA mas, no limite, tende a ser positivo para os bonds globais.
Os países emergentes (e consequentemente seus ativos) devem continuar sobre
pressão de uma economia mundial que mostra imensa dificuldade em crescer a
taxas mais robustas. O cenário continua claramente baixistas para as
commodities. Ainda vejo um cenário positivo para as bolsas da Europa. No
limite, o ECB deveria ser ainda mais agressivo para conter os efeitos
deflacionários vindos da China. Mas entendo que o curto-prazo possa ser mais
desafiador.
Ainda na China, como era de se imaginar após a postura mais proativa do
governo na condução de sua política monetária, fiscal, creditícia e cambial, os
dados de atividade econômica de julho surpreenderam o mercado negativamente, mostrando uma economia ainda fragilizada e sem nenhum sinal
de estabilização. A produção industrial saiu de 6,8% YoY para 6% YoY, as
vendas no varejo passaram de 10,6% YoY para 10,5% YoY e o Fixed Asset
Investment caiu de 11,4% YoY YTD para 11,2% YoY TYD. Podemos esperar novas medidas de suporte ao crescimento nos
próximos dias/semanas. Contudo, desenha-se um cenário a cada dia mais
desafiador para a economia do país.
A economia
global, especialmente os países emergentes (liderados pela China), vem
mostrando sinais inequívocos de fragilidade, sem sinais concretos de
estabilização. Os números recentes passam longe de mostrar uma economia mundial
saudável e robusta, a despeito de sinais mais encorajadores dos EUA e Europa.
Assim, enquanto não observarmos uma aceleração do processo de reformas nessas
regiões (países emergentes) correremos o risco de passar por um período mais
prolongado de baixo crescimento e, eventualmente, momentos de crises pontuais
mais agudas, como estamos vivenciando no Brasil e em alguns outros países
emergentes (China, Rússia, Turquia, e etc).
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