China em foco & ajuste fiscal no Brasil

A despeito de mais um dia de acentuada queda nas bolsas da China (-6%), os ativos de risco operam relativamente estáveis essa manhã. O viés continua sendo de dólar forte e pressão no mercado de commodities, mas os movimentos, por hora, se mostram relativamente modestos. Na agenda do dia, destaque para o Housing Starts nos EUA e para o IPC da FIPE no Brasil.

China – As bolsas do país haviam apresentado uma estabilização de curto-prazo ao longo das últimas semanas. Contudo, com uma série de medidas de suporte ao mercado ainda em vigor, a estabilização se mostrava instável e artificial. Hoje, uma série de fatores acabou impulsionando mais um movimento de forte queda das bolsas locais. Eu continuo bastante preocupado com a dinâmica dos mercados emergentes em geral. Eu vejo a China como o maior risco para economia global e os mercados financeiros nos próximos meses. De acordo com a Merril Lynch:

Over 1000 stocks are limit down today and total outstanding jumped 17% d/d to USD 224bio. What’s driving this? A couple of reasons cited by my equity guys

1.    The larger than expected liquidity injection today of RMB120bio which net injection amounting to RMB 70bio. The rate it was issued remained at 2.50%. Market took this as signals that PBOC is less likely to cut RRR. Onshore is thinking that perhaps PBOC would use OMO + re-lending to CSFC to provide liquidity instead (explains why M2 is so high in July) rather than RRR cut
2.    Stock mutual funds saw a net redemption of 1.04trio units or 1.3trio RMB worth in July, which is about 27% of total AUM of all China mainland stock market mutual funds
3.    SOE reform plans faltering – profit taking seen in SOE stocks which have rallied recently leading the sell off
4.    Profit taking seen on China Security Fiinancing holding stocks such as 600868

Europa – Na Inglaterra, o Core CPI de julho passou de 0,8% YoY para 1,2% YoY, acima das expectativas de 0,9% YoY. O número eleva as expectativas para o começo de um processo de alta de juros no país. A surpresa inflacionária positiva está ajudando a alta da GBP hoje pela manhã (+0,6% neste momento).

Brasil – Segundo a Folha, o governo ainda busca um caminho para o ajuste fiscal de 2016. A notícia é um pingo de otimismo após uma rodada de notícias ruins para a economia e o cenário político (vide artigo abaixo). Ainda ontem, FHC optou por radicalizar o discurso, pedindo a renuncia de Dilma. A postura do ex Presidente é uma elevação adicional no tom da oposição, o que eu vejo como um avanço institucional positivo caso exista realmente a disposição política e os argumentos jurídicos para um impedimento do atual governo.


Presidente começou nesta segunda a detalhar medidas, que devem ficar prontas neste mês

Além da redução de gastos, equipe econômica estuda venda de ativos e aumento de tributos
VALDO CRUZ GUSTAVO PATUDE BRASÍLIA

Enfrentando dificuldades para fechar sem deficit suas contas em 2015, a presidente Dilma começou a discutir nesta segunda (17) "fortes medidas de ajustes" nas despesas –inclusive as obrigatórias– e aumento de receitas no próximo ano.
O objetivo é garantir o cumprimento da meta fiscal de 0,7% do PIB em 2016.
O tema foi discutido pela presidente com a equipe da Junta de Execução Orçamentária, da qual participam os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).
Segundo a Folha apurou, o governo considera que, pelo cenário de retração econômica, será "inevitável" promover no próximo ano um aprofundamento no corte de despesas e no aumento de receitas, com venda de ativos e elevação de tributos.
A decisão sobre o tamanho do corte e do aumento de receita ainda está em estudo. O governo quer fechar as medidas até 31 de agosto, prazo final para enviar sua proposta de Orçamento para 2016.
DESPESAS OBRIGATÓRIAS
Assessores disseram à Folha que não há outro caminho a não ser fazer um "forte ajuste" com alta de receitas e corte de despesas, inclusive obrigatórias –como funcionalismo e benefícios sociais.
As despesas obrigatórias respondem pela maior parte dos gastos do governo e são mais difíceis de cortar.
No Orçamento deste ano, por exemplo, elas somam R$ 856 bilhões, ou cerca de três quartos das despesas não financeiras da União.
Para facilitar cortes, o governo conta com a renovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), uma regra constitucional transitória que permite ao governo gastar livremente parte de suas receitas –flexibilizando as aplicações mínimas obrigatórias em áreas como educação, saúde e proteção social.
A proposta, que precisa ser aprovada pelo Legislativo, é elevar o percentual dos atuais 20% para 30% no próximo ano, o que teria um impacto de R$ 121,7 bilhões.
Uma forma de cortar gastos obrigatórios é adiar repasses aos bancos oficiais que conduzem programas de financiamento favorecido. Esse tipo de manobra, entretanto, está entre as questionadas pelo TCU na análise das contas de Dilma Rousseff de 2014.
Neste ano, a equipe de Levy propôs regras mais duras para a concessão de benefícios como pensões por morte, auxílio-doença, seguro-desemprego e abono salarial. A economia prevista, porém, foi diluída pelo Congresso.

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