"Risk-off"

We believe markets stop panicking when central banks panic. (From ML)

Os ativos de risco tiveram mais um dia de sell-off clássico, em um movimento de risk-off generalizado. Como temos insistido neste fórum ao longo das últimas semanas, o cenário econômico da China e dos países emergentes se mostra um tanto quanto problemático, o que acabou afetando o humor global a risco. Tecnicamente, vários níveis importantes estão sendo testados, em várias classes de ativos, o que colocar um risco adicional ao cenário de curto-prazo. Não alterei em nada minha visão dos últimos dias.

Continuo bastante preocupado com o cenário e a dinâmica para os países emergentes, como tenho reforçado neste fórum nas últimas semanas. Ainda não vejo os vetores necessários para que o cenário deterioração destes países (e seus ativos) seja definitivamente freada. Ainda tenho a sensação de que estamos no meio deste processo e novas rodadas de deterioração serão necessárias para trazer um balanceamento ao mercado.

Acredito que o momento seja de manter as posições pequenas e buscar assimetrias que venham a se desenvolver no mercado. Acho que não tivemos novidades relevantes para alterar o cenário central, mas os ativos já precificaram, em parte, a piora dos fundamentos apresentados ao longo dos últimos dias.

O final de semana será importante. Precisamos de uma ação (voluntaria ou involuntariamente) coordenada dos bancos centrais ao redor do mundo para frear o movimento negativo dos ativos de risco. As condições financeiras em diversos países e regiões foram apertadas de forma expressiva, o que pressupõe uma contrapartida por parte dos policy makers. Nos últimos 7 anos, as realizações dos ativos de risco foram contrabalanceadas e freadas por uma postura mais agressiva dos bancos centrais. Será que “this time is different”? Ou uma ação conjunta será capaz de reverter pelo menos parte deste pessimismo? Sem uma ação por parte dos police makers globais os ativos de risco irão se deteriorar todo dia, chegando a um ponto de equilíbrio via preço e posição, que talvez precise de uma piora ainda mais expressiva dos mercados. Estão os bancos centrais dispostos a tomar este risco?

Brasil – O CAGED apresentou perda próxima a 160 mil vagas de trabalho em julho, acima das expectativas do mercado. O IPCA-15 apresentou alta de 0,43% MoM em agosto, e 9,57% em relação ao mesmo período do ano passado. O cenário de deterioração do mercado de trabalho é reforçado a cada novo número. A inflação dos próximos dois meses promete ser mais branda do que aquela verificada no início do ano, mas se manterá em, patamar elevado até o final do ano.

Os ativos locais estão seguindo o humor global a risco, com mais um dia de pressão na bolsa, no BRL, no CDS e no mercado de juros. Vejo um mercado tecnicamente leve, sem grandes posições e/ou alocações. Os investidores adotam postura tática, o que tem tornado o mercado ilíquido e volátil. Não vejo uma melhora consistente deste ambiente.


EUA – O Markit PMI Manufacturing caiu de 53,8 para 52,9 em agosto, mostrando um setor manufatureiro saudável, porém sofrendo os efeitos negativos do dólar forte. A turbulência nos mercados globais, fruto das perspectivas mais negativas de crescimento ao redor do mundo, reduzem substancialmente a probabilidade de uma alta de juros em setembro no país, vetor que já foi amplamente ajustado pelo mercado.

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