EM: Sinais negativos permanecem inalterados.

Os mercados globais continuam dando prosseguimento a suas tendências recentes, com algumas acomodações marginais. O dólar está mantendo sua tendência de alta, puxado pelas moedas emergentes. O destaque do dia ficou por conta da Turquia, e para algum catch-up por parte do EUR e do AUD ao movimento recente observado na Ásia. As commodities continuam pressionadas, a despeito de um rebound no petróleo, ainda operando abaixo de $45. O mercado de juros norte americano opera sem tendência definida no curto-prazo, assim como as bolsas dos países desenvolvidos.

A direção que será tomada pelos países emergentes será determinante para a dinâmica dos mercados globais nos próximos dias. Exceto por algum evento substancial, os dados apontam na direção de uma alta de juros já em setembro nos EUA. A curva curta de juros ainda teria algum movimento de ajuste a ser feito. Na China, o price-action tem mostrado que os esforços do governo para estabilizar os mercados e a economia precisam ser ainda maiores. Por hora, os policy makers chineses não estão sendo bem sucedidoa em sua empreitada para acalmar os ânimos no país e em toda a Ásia.

Continuo bastante preocupado com o cenário para as economias emergentes e seus mercados. Sem uma mudança de postura, as melhoras nestes mercados serão pontuais (short squeezes naturais e esperado em bear markets). O risco, ainda, fica por conta de uma deterioração ainda mais expressiva destes mercados, com os policy makers perdendo a capacidade de reação momentaneamente. Talvez precisaremos de um período de “capitulation” antes de um cenário de melhora, ou seja, talvez a situação tenha que ficar ainda pior para só então começar a melhorar.

Brasil – O IPC da FIPE apresentou alta de 0,83% em agosto, abaixo das expectativas de 0,78%. A segunda prévia do IGP-M subiu 0,17% enquanto a arrecadação federal de julho ficou em R$104,9 bilhões, praticamente em linha com as expectativas.

Os ativos locais seguem sem grandes tendências. O BRL parece se consolidar em torno de 3,4-3,5, com o mercado local de juros acomodando nos atuais níveis após o stress da semana passada. O Ibovespa, por sua vez, após cerca de uma semana de pressão ininterrupta, conseguiu respirar, impulsionada pela potencial retirada do aumento da CSLL da pauta do Congresso.

Aproveitei o dia para trocar ideia com alguns investidores. A impressão que eu fiquei é de um mercado hoje muito mais balanceado, e sem exposições relevantes a risco Brasil, do que há alguns dias/semanas atrás. Alguns investidores reduziram ou zeraram exposição aplicada no Pré. As posições compradas em dólar já não são mais tão relevantes como antes, e muitos já operam taticamente vendidos em dólar. Não por acaso, assim, o mercado de renda fixa e câmbio tem operado com elevada volatilidade mas sem grandes tendências. Neste ambiente, o cenário prospectivo será fundamental para a dinâmica e a direção dos ativos locais.

Minha visão ainda é cética e um pouco mais negativa. Eu vejo o atual equilíbrio político como um equilíbrio instável e insustentável a longo-prazo. O cenário de impeachment é positivo, mas o processo deverá ser negativo em um primeiro momento. Empurrar o atual governo com a barriga, por mais 3,5 anos, me parece um cenário ainda pior. Entendo que a postura do Senado possa trazer um alívio pontual, mas não tenho intensão de colocar as fichas neste cenário. Além disso, continuo bastante preocupado com o cenário externo. 

Neste ambiente, gosto de posições aplicadas no Jan17. A inflação de curto-prazo está cedendo. Exceto por um evento de cauda, o BCB não tem a intensão de promover novas altas de juros. Quando o cenário permitir, em algum momento de 2016, o ciclo de queda de juros pode vir a ser mais agressivo do que o precificado atualmente. No BRL, ainda vejo um período de consolidação em torno de 3,4-3,5 na moeda. A melhor maneira de se posicionar no curto-prazo seria através de estruturas de opção com delta comprado em dólar, com perda limitada ao prêmio. Não vejo espaço para quedas mais rápidas e acentuadas do dólar, exceto por um evento novo no cenário.


EM – Exceto por melhoras pontuais e pouco acentuadas, a dinâmica dos mercados emergentes continua preocupante. Depois de Rússia e Brasil, a bola da vez é a Turquia e a Ásia. Além disso, o sistema cambial da Arábia Saudita entre no radar como mais um risco ao cenário. Sem uma mudança substancial de cenário, ou o acumulo de medidas visando reverter este ambiente, o cenário base será de um piora gradual, porém estrutural destes países e de seus ativos ativos.

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