Brasil: Equilíbrio intsável.

O final de semana foi de poucas novidades no âmbito externo. O destaque desta segunda-feira, assim, fica por conta de mais uma rodada de queda no preço das commodities, liderada pelo petróleo e pelo cobre, e para um leve movimento de dólar forte no mundo. Na agenda do dia, teremos o IPC-S no Brasil. Nos EUA, as atenções estarão voltadas para o NAHB Housing Market Index, Empire Manufacturing e TIC Flows.

Continuo bastante preocupado com a dinâmica de preços dos ativos emergentes, em um ambiente de baixo crescimento destes países, ausência de reformas estruturais e um pano de fundo de crescimento chinês estruturalmente mais baixo. Podemos estar diante de um novo capítulo da economia global. Após termos passado pela crise nos EUA em 2008 e da Europa em 2011/2012, podemos estar vivenciando um período de crises pontuais nos países emergentes (Brasil, Turqui, Rússia) , que pode acabar se desenvolvendo para um problema ainda maior, gerando contágio econômico e financeiro para o resto do mundo.

O momento ainda me parece oportuno para manter posições menores do que no passado recente Eu continuo vendo o dólar como o principal beneficiário do atual cenário local e externo. Assim, uma posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas me parece a melhor maneira de navegar este ambiente. Contudo, nos atuais níveis, temos que ser mais flexíveis na administração dos instrumentos e do tamanho das posições. As commodities devem continuar pressionadas, exceto por correções técnicas pontuais. Tenho pouca convicção no mercado de juros globais (G10 e EM) devido às incertezas e sinais contraditórios trazidos por China e EUA. Mantenho um viés otimista com relação às bolsas da Europa.

Brasil – Os protestos contra o atual governo realizados ontem foram grandes, porém aparentemente menores do que os realizados no primeiro semestre. Acredito que este vetor pouco altere o cenário político de curto-prazo. A mídia trava uma batalha em relação a repercussão das manifestações, com alguns veículos acreditando em protestos muito menores do que os anteriores, enquanto outros veículos falam em manifestações grandes e incisivas. De qualquer maneira, o quadro político apresenta alguma estabilização de curto-prazo, o que deve garantir um tempo adicional para o governo se recompor e trabalhar junto a sua base aliada. Eu, particularmente, ainda vejo este equilíbrio como instável. Enquanto a Operação Lava-Jato não chega seu desfecho final, e com uma base aliada fragilizado, teremos que conviver com um quadro político incerto e sem uma estabilização mais consistente do cenário.

No final da tarde de sexta-feira, veículos locais afirmaram que o relator da LDO de 2016 propôs o abatimento da PAC na meta fiscal. Além disso, soubemos que o governo não irá adiantar o décimo terceiro dos aposentados por falta de caixa. Ambas as notícias são negativas e reforçam a visão de uma situação fiscal extremamente delicada.

De acordo com a revista Veja, Nestor Cervero, ex diretor da Petrobras, estaria incriminando o ex Presidente da Petrobras Sergio Gabrielli em sua delação premiada, assim como falando de “ordens superiores” para quitar dívidas de campanha de Lula em 2006. Esta delação premiada, assim como outras em andamento, podem trazer capítulos adicionais em um ambiente já incerto para a política local.

A curva local de juros ainda precifica cerca de 20bps de alta de juros nas próximas reuniões do Copom, com quedas em torno de 100bps precificadas ao longo de 2016. O Jan21/Jan17 encontra-se estagnado em torno de -50bps nos últimos dias. Vejo valor na parte curta da curva, mas sem sinais de mudanças estruturais no cenário econômico e político, a parte mais longa da curva de juros ainda se mostrará resistente a quedas mais consistentes de taxa. Como podemos observar no gráfico abaixo, as taxas longas estão operando em linha com o CDS. Mesmo já acreditando que o mercado precifica a perda do grau de investimento, não vejo um cenário de melhora rápida e acentuada em meio ao cenário atual. Assim, me parece prudente manter a duration das posições aplicadas em juros mais curta no curto-prazo. Desde o anúncio da rolagem integral dos swaps cambiais, o Cupom Cambial voltou a fechar, as vols implícitas caíram e o dólar parece estar consolidando em torno de 3,4-3,5. Continuo vendo uma alta estrutural do dólar, mas acredito em uma consolidação de curto-prazo da moeda.

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