USD: Hora da consolidação?

Os ativos de risco, a grosso modo, deram continuidade ao movimento verificado após a decisão do FOMC. Alguns movimentos merecem destaque especial:

- O fortalecimento do dólar no mundo, especialmente contra EM, mostra um “momentum” bastante forte. Eu começo a sentir sinais técnicos de que o mercado possa estar “esticado” no curto-prazo. A direção de alta de dólar no mundo é indiscutível, mas acho natural e saudável esperar algum tipo de consolidação em algum momento do tempo. Neste caso, acredito que a melhor estratégia seja reduzir parte das posições, encurtar os stops nas moedas de EM, e trabalhar com o mercado de opções em G10, onde as vols implícitas se mostram em níveis ainda relativamente atrativos;

- A despeito da alta do dólar no mundo, as bolsas dos países desenvolvidos mostram-se cada vez mais conformadas com a possibilidade de alta de juros nos EUA ainda este ano e, mais provavelmente, em setembro. A despeito de alguma precificação (vide abaixo) ainda ser necessária para este cenário de alta de juros nos EUA, a boa comunicação do Fed, aliada aos sinais de gradualismo no processo de normalização monetária, parecem estar sendo bem digeridas pelo mercado. Continuo gostando de posições compradas em bolsas da Europa e olharia oportunidades para comprar puts de S&P como hedge caso o VIX continue em queda;

- O mercado de juros norte americanos precifica em torno de 40% a 45% de probabilidade de uma alta de juros em setembro. A Treasury de 10 anos está na banda de baixo do range recente (2,25%-2,50%). Assim, ainda parece existir espaço para novas rodadas de reprecificação (altas de taxa) da curva nos EUA mas, por hora, o trabalho do Fed parece estar sendo bem conduzido. Acredito que períodos pontuais de ruído, puxados pelo mercado de juros, deverão ocorrer, mas o Fed mostrou que tem ampla capacidade administrar a situação ao longo do tempo;

- Os ativos brasileiros reagiram de maneira clássica a decisão do Copom. A curva local de juros apresentou um “bull steepening”. A curva precifica neste momento juros estáveis até o começo do ano que vem. Um ciclo de queda a um ritmo de 25bps por reunião começaria em março, se estendendo por cerca de 1 ano. O FRA de 2016 está em 13,25%, com o ano de 2017 em 12,3% e 2018 em 12,7%. Os FRAs mais longos encontram-se em torno de 12,6%. Como tenho insistido neste fórum, o caminho para juros mais baixos será longo e tortuoso. O BCB irá travar, de agora em diante, uma batalha de comunicação, tentando evitar que o mercado precifique quedas muito acentuadas de juros. Ainda gosto do Jan19 como o melhor vértice da curva. De maneira geral, precisamos nos manter flexíveis, pois é razoável supor que as expectativas de inflação voltem a subir, e o BCB tenha que “falar grosso” para conter essa escalada;

- O BRL está seguindo o movimento global de alta do dólar, com um beta maior devido aos ruídos políticos e econômicos locais. Ainda vejo um cenário de alta estrutural da moeda, mas acredito que deveríamos ver alguma consolidação de curto-prazo. Caso este cenário se consolide, olharia para adicionar risco na fly 3450/3550/3650 para setembro (ou em alguma estrutura do gênero), em conjunto com calls/spreads mais longos e fora do dinheiro. Para as posições existentes, manteria um stop curto no curto-prazo (via futuro) e uma maior flexibilidade nas posições, para proteger ganhos após um movimento expressivo de alta do dólar nas últimas semanas;


- O Ibovespa teve uma quinta-feira mais pressionada, puxada por Petro e Vale, mas também por algumas empresas e setores que divulgaram resultados corporativos abaixo das expectativas do mercado. Não vejo motivos para uma alta mais consistente e permanente da bolsa local, mas tenho dificuldades em ter posições direcionais vendidas nos atuais níveis. A melhor opção, assim, é se manter neutro.

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