EUA: Alta de juros de volta a pauta.

A saga grega continua sem sinais de uma definição. Se, por um lado, o canal de interlocução para um possível acordo permanece aberto, por outro lado, o governo grego continua adotando postura contrário à proposta apresentadas pelos credores no final de semana. As primeiras pesquisas apontam para uma pequena margem de vantagem para o voto contrário a um acordo no referendum agendado para o final de semana. Os próximos dias prometem ser decisivos, o que irá manter os ativos de risco ainda sensíveis ao tema.

Os recentes sinais no tocante a economia norte americana, contudo, continuam em trajetória mais positiva. O ADP Employment apresentou alta de 223 mil vagas de trabalho em junho, o ISM Manufacturing saiu de 52,8 para 53,5 pontos em junho e o Construction Spending apresentou alta de 0,8% MoM em maio, todos acima das expectativas e compatíveis com um crescimento em torno de 2,5%-3,0% da economia no segundo trimestre do ano. Na ausência de um contágio maior da crise da Grécia nos mercados financeiros globais, não podemos descartar o cenário do Fed dando início a um ciclo de alta de juros já em setembro, probabilidade que hoje encontra-se abaixo de 30% na curva curta de juros norte americana atualmente.

A despeito da piora significativa de cenário econômico e político local nas últimas semanas (no meu ponto de vista), os ativos brasileiros continuam seguindo de perto os movimentos globais. O BCB parece ter ficado desconfortável com a interpretação do mercado em relação as declarações de Tony Volpon na segunda-feira, e usou os últimos dias para reiterar na mídia seu comprometimento com o centro da meta de inflação. Continuo vendo os ativos locais excessivamente lenientes com a piora do cenário local, mas entendo que talvez seja necessária uma mudança substancial de cenário para a política monetária norte americana para que o mercado de câmbio e juros apresente uma deterioração mais relevante. Caso as taxas de juros norte americanas voltem a abrir, ou a crise grega se torne mais aguda, espero que os ativos locais comecem a ser vistos de maneira mais negativas, e o mercado irá lembrar para a piora dos fundamentos verificados nas últimas semanas (desafio fiscal, piora mais acentuada do emprego, quadro político mais conturbado, etc).

Sigo com minha visão inalterada em relação a posicionamento de mercado. No curto-prazo, o dólar pode se favorecer de um cenário de aversão a risco, com maior impacto negativo sobre EM, mas algum suporte para G10. A resolução deste problema, eventualmente, traz de volta à pauta o processo de alta de juros nos EUA. Assim, continuo gostando de manter uma posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas, dividindo o risco entre EM e G10. O risco, é uma resolução dos problemas na Grécia, mas com o Fed adiando mais uma vez o início do processo de alta de juros, o que levará a mais uma rodada de queda do dólar no mundo.


Como tenho chamado a atenção ao longo das últimas semanas, não acredito que o momento seja para uma exposição relevante a risco. No cenário externo, continuo gostando de posições compradas em dólar contra uma cesta de moedas (BRL, MXN, EUR, AUD e CAD). No que diz respeito ao Brasil, gosto de posições vendidas em BRL, e estruturas de opções baixistas para a bolsa (put/spreads). As vols implícitas do BRL apresentaram queda relevante nos últimos dias, saindo de 20% para 15%, criando oportunidades de se posicionar na compra do dólar via opções. Gosto da fly para final de julho (3200/3300/3400), combinada com call/spreads mais longos (3400/3500), além de posições no mercado futuro.

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