Brasil: Reajustes de salários mais moderados.

O dia será de agenda econômica esvaziada, tanto nos EUA quanto no Brasil. A noite foi de pouca movimentação dos ativos de risco, na ausência de novidades relevantes ao cenário.

O final de semana foi de poucas novidades do ponto de vista externo, o que me faz acreditar que os ativos de risco deverão continuar a dar atenção às diferenças entre classes de ativos e regiões. Assim, ainda vejo um cenário relativamente positivo para as bolsas, em especial na Europa e no Japão. O ambiente é propício para a continuidade do processo de alta estrutural do dólar no mundo, suportando por taxas de juros mais elevadas nos EUA. O cenário para as commodities segue desafiador. Os países emergentes devem seguir está toada externa, com os fundamentos locais ditando a velocidade do ajuste em cada país ou região. No Brasil, tenho ganhando convicção no mercado de juros, mas entendo que o processo de taxas mais baixas deverá ser longo e tortuoso, assim como o ajuste em direção a um câmbio mais depreciado.

Brasil – Um artigo no Valor mostra que as dificuldades econômica enfrentadas pelo Brasil já estão tendo impacto nos reajustes salariais, um vetor que deve ser determinante para a política monetária nos próximos meses. Findo este ciclo de alta de juros, que me parece cada vez mais próximo do fim, o BCB ficará alerta aos sinais de moderação no repasse da inflação para 2016, sendo os reajustes salariais um dos principais vetores deste processo. De acordo com o artigo: O aumento forte de preços, ao lado da desaceleração da atividade e da alta do desemprego, tem derrubado os ganhos reais dos reajustes de salários neste ano. Parte das negociações com data­base no primeiro semestre acompanhadas pelo Valor chegou a fechar percentuais nominais próximos aos de 2014 nas campanhas ­ descontada a inflação, entretanto, algumas chegam a registrar perda real. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), principal indexador das remunerações, acumula alta de 9,31% nos 12 meses encerrados em junho, o maior percentual desde dezembro de 2003. A média parcial do balanço dos reajustes salariais do primeiro semestre feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta para um ganho real médio de 0,8%, abaixo, portanto, do 1,54% registrado no mesmo período do ano passado. Os dados parciais levam em conta cerca de 160 convenções já analisadas pelo Dieese.

Eduardo Cunha e o PMDB optaram por adotar um tom mais conciliador no final de semana. Parece claro que um governo já fragilizado irá enfrentar um Congresso ainda mais hostil nos próximos meses. Contudo, não parece existir a intenção concreta de uma “pauta bomba” que venha a colocar o país ainda mais fora dos trilhos. O Congresso deve continuar adotando uma posição ambígua, aprovando parte dos ajustes necessários para a melhora das perspectivas econômicas do país, mas também colocar em pauta questões que venham a se tornar obstáculos ao PT e que venham a gerar constrangimento ao Governo e seus integrantes.

No ponto de vista do ajuste fiscal, uma matéria da Folha de sábado fala que Levy e sua equipe continuam comprometidos com o ajuste, questão que foi explicitada em mais uma excelente entrevista do ministro no mesmo jornal, mas na sua edição de domingo. A matéria referente à repatriação de recursos do exterior parece estar avançando mas, segundo fontes, a Fazenda espera uma repatriação em torno de US$25 bilhões. Concomitantemente com isto, o pagamento de cerca de R$1,6 bilhões feito pela Petrobras na semana passada parece ter sido um importante teste para acordos entre empresas e o fisco, referentes a processos que estariam travados no Carf, o que poderia render recursos em torno de R$70 bilhões ao governo. Além disso, a Fazenda continua em busca de receitas extraordinárias que venham a reforçar o caixa da União. Em suma, a despeito de ruídos pontuais, e da impossibilidade de cumprir o superávit de 1,1% prometido para este ano e 2% no ano que vem, Levy segue em sua batalha na tentativa de evitar uma elevação da dívida/PIB e um rebaixamento da nota de crédito do país para abaixo de “Investment Grade”.

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