FOMC em foco.

O FOMC anunciou o que era amplamente esperado, a manutenção da taxa de juros do país estável. O comunicado após a decisão apresentou apenas mudanças marginais, em uma tentativa de ajustar a comunicação ao cenário econômico observado entre as reuniões do Comitê. Uma alta de juros ainda este ano continua sendo o cenário base. Não podemos descartar que ela ocorra em setembro, dependendo dos dados de agora até a próxima reunião do Fed.

Acredito que, sem riscos relevantes no cenário (exceto pelos ruídos provenientes da China), o mercado poderá partir para o verão (e as férias) no hemisfério norte sem grandes preocupações. Assim, podemos esperar que o cenário sazonal de volatilidades mais baixas, e bom desempenho dos ativos de risco, venham a se confirmar nos próximos dias.

Eu aproveitaria este momento (sazonal) de calmaria dos ativos de risco para adicionar calls de USD ao longo dos próximos dias/semanas, se aproveitando da queda nas vols implícitas, mas mirando um horizonte de 2 a 3 meses. O mesmo poderá ser feito no mercado de juros norte americanos, visando taxas mais elevadas de juros neste segundo semestre do ano. Enquanto isso, me parece fazer sentido “surfar” o bom momento para as bolsas na Europa, após a breve correção recente. A temporada de resultados corporativos na região está próxima a seu auge e, por hora, caminha para um desfecho positivo. Quedas adicionais no VIX podem trazer oportunidades interessantes de hedge para essa posição.

Os ativos no Brasil passam por um momento de “technical carnage”. As posições consensuais do mercado estão apresentando um dia de forte pressão, com o dólar em queda, a bolsa apresentando acentuada alta nos últimos dois dias (puxada por Petro) e com um desempenho ainda pífio do mercado de juros.

Acredito que o câmbio deveria, no mínimo, se estabilizar em torno de 3,3-3,4 no curto-prazo. Alguns indicadores técnicos (RSI, por exemplo) já se mostram “esticados” e o movimento recente de depreciação do BRL foi rápido e acentuado. Ainda vejo uma alta estrutural da moeda norte americana, mas faz sentido buscar operações que visem um momento de consolidação da moeda. A visão estrutural, contudo, ainda deve ser visando uma alta da moeda dos EUA. A posição técnica dos estrangeiros na BM&F continua caindo,  o que mostra um mercado não muito alocado na compra do dólar.


Eu continuo vendo valor na parte intermediária da curva local de juros, mas sabendo que ainda iremos viver um período de turbulência para esta classe de ativo. Vamos aguarda a decisão do Copom hoje para reavaliar esta visão.

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