China: Instabilidade.

O começo da semana foi marcado por mais uma forte queda das bolsas na China, com o Shangai Composite caindo 8,5% nesta segunda-feira. Não houve um evento específico para justificar este movimento. Contudo, podemos afirmar que a economia do país, assim como seus mercados, passam por um momento de fragilidade e instabilidade. A economia não mostra sinais consistentes de estabilização, cenário que ficou mais evidente após a divulgação do Flash Manufacturing PMI na semana passada. Além disso, as bolsas do país tinham mostrado algum tipo de estabilização nas últimas duas semanas, mas em grande parte fundamentadas por medidas  que estavam mascarando, de maneira artificial, o excesso de oferta de ações que ainda existia no mercado. Em suma, o país passa por um período de instabilidade. Acredito que a China seja o maior risco para a economia mundial nos próximos meses, assim como para os mercados financeiros globais. Eu vejo um cenário de menor crescimento estrutural do país, que será pontuado por períodos de instabilidade e maior volatilidade dos mercados locais, com suas devidas consequências para os países que dependem da economia da China, assim como para os ativos ligados ao país. Infelizmente, todos os países que, no passado, passaram por um processo de menor crescimento estrutural, ao mesmo tempo em que alteravam o vetor de crescimento de investimentos para consumo (Japão e Tigres Asiáticos, por exemplo) vivenciaram períodos de crise e instabilidade financeira. A China, por ser uma economia mais planejada, pode vir a ter maior capacidade de administrar este processo de maneira mais suave, mas não deverá ficar livre de períodos de maior incerteza econômica e financeira.

O cenário ratifica a postura de estar UW/short ativos ligados a China, como moedas dependentes de commodities (AUD, CAD, MXN, NZD, ZAR), Commodities, setores da bolsa dependentes da China, assim como países emergentes exportadores de commodities.

A agenda do dia será terá o Durable Goods nos EUA como destaque, as vésperas de uma semana mais agitada do ponto de vista macroeconômico. O destaque absoluto ficará por conta da reunião do FOMC e do Copom.

Brasil – A mídia não trouxe novidades relevantes ao cenário ao longo do final de semana. O país continua digerindo os avanços da Operação Lava-Jato, assim como a revisão da meta fiscal anunciada na semana passada. Não há motivos para alterarmos nossa visão em relação aos fundamentos do país e a direção de seus mercados. Como comentei na sexta-feira à tarde, mantenho uma visão de continuidade da alta do dólar. Acho válido adicionar uma posição aplicada em juros, mas realizaria lucro nas estruturas de opção baixistas de Ibovespa que tínhamos recomendando.

Europa – O IFO de Julho, na Alemanha, saiu de 107,5 para 108,0 pontos, acima das expectativas de 107,2. O número mostra uma economia pouco afetada pelos ruídos políticos provenientes da Grécia, e um país bem posicionado para um crescimento em torno de 1,5% este ano. O IFO não muda o cenário para a política monetária da região.

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