Update
Os ativos de risco mantiveram um viés de aversão a risco,
ordenada, ao longo de toda a segunda-feira. Ao que tudo indica, ainda parece haver esperanças, por parte do
mercado, de que um acordo entre a Grécia e seus credores possa ser atingido nos
próximos dias. O canal de
negociações continua aberto, mas as incertezas devem ser mantidas ao longo dos
próximos dias. A Grécia anunciou a extensão do “feriado bancário”, manteve os
saques nos caixas eletrônicos limitados a EUR60, assim como estendeu a gratuidade
aos transportes públicos para os próximos dias.
Grande parte da dinâmica da crise no curto-prazo será
determinada pelo ECB. Por
hora, o ECB decidiu por ajustar os haircuts
da ELA, mantê-la ativa, mas não elevar o seu limite de atuação, colocando uma
pressão adicional sobre o governo grego. O ECB reiterou
que “The Governing Council is determined to use all the instruments available
within its mandate.” Deixando claro
que irão atuar, de maneira reativa, caso as condições monetárias apresentem um
aperto relevante, o que deveria ajudar a conter a crise grega.
Acredito que a incerteza permanecerá elevada nos próximos dias.
Na eventualidade das negociações não avançarem, a tendência será dos ativos de
risco irem piorando a medida que o tempo for passando. Caso uma solução seja
encontrada, poderemos presenciar um clássico “relief rally” dos ativos de risco.
Não vejo motivos para alterar minha visão para os mercados, ou
seja, comprado em dólar contra uma cesta de moedas (BRL, MXN, EUR, AUD e CAD) ,
levemente aplicado em juros locais, e vendido no Ibovespa através de estruturas
de opções. Utilizaria, no BRL, a fly 3200/3300/3400 curta, em conjunto com a call/spread
3400/3500 mais longa, para se posicionar na compra do USDBRL.
Brasil – Exceto pela bolsa, os mercados de câmbio
e de juros continuam reagindo surpreendentemente bem a piora do cenário local e
externo. Acredito que a curva de juros pode ser mais reativa ao cenário de
política monetária local, do que as incertezas externas. Assim, faz sentido o
movimento de steepening verificado
nos últimos dias, refletindo uma interpretação mais dovish do discurso de Tombini na semana passada, ao mesmo tempo em
que observamos uma piora do cenário político. Estamos, na minha visão, próximos
ao fim do ciclo de alta de juros, em um ambiente de crescimento pífio, política
fiscal contracionista, com os juros já tendo sido elevados em mais de 500bps.
Os indicadores de confiança atingem mínimas históricas, o mercado de trabalho
piora a passos largos e o consumo mostra expressiva desaceleração. Continuo surpreso com o bom
comportamento do BRL. Acredito que os preços dos ativos
brasileiros necessitam de prêmios mais elevados diante das incertezas que o
cenário de curto-prazo tem apresentando. Realmente parece que iremos precisar de um sinal mais claro do
começo do processo de alta de juros nos EUA para que a moeda saia da banda de
3,05-3,20. No mercado de renda variável, a recente pressão sobre o preço das
commodities internacionais parece estar ajudando a colocar um viés mais
negativo para esta classe de ativos.
Commodities - Além de um pano de fundo de excesso de oferta em parte do
complexo de commodities, cenário que vem sendo delineado desde o meio do ano
passado, as incertezas na China e na Grécia estão sendo interpretadas como
novos obstáculos ao crescimento global, ou seja, mais um vetor de redução de
demanda. Assim, estamos observando mais uma rodada de forte pressão sobre esta
classe de ativos, com destaque para o Minério de Ferro e Petróleo.
EUA – Devido ao tamanho relativamente pequeno
da economia grega para a Europa e para o resto do mundo, eu vejo apenas um
canal relevante de contágio, que seria uma piora das condições financeiras.
Neste caso, o Fed poderia, mais uma vez, utilizar-se do cenário externo como
argumento para “empurrar com a barriga” o começo do processo de alta de juros
no país. Sem um contágio financeiro relevante, não há motivos para o FOMC
alterar significativamente sua estratégia.
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