Levy em defesa do ajuste

O final de semana foi de poucas novidades do ponto de vista externo, o que me faz acreditar que os ativos de risco deverão continuar a dar atenção às diferenças entre classes de ativos e regiões. Assim, ainda vejo um cenário relativamente positivo para as bolsas, em especial na Europa e no Japão. O ambiente é propício para a continuidade do processo de alta estrutural do dólar no mundo, suportando por taxas de juros mais elevadas nos EUA. O cenário para as commodities segue desafiador. Os países emergentes devem seguir está toada externa, com os fundamentos locais ditando a velocidade do ajuste em cada país ou região. No Brasil, tenho ganhando convicção no mercado de juros, mas entendo que o processo de taxas mais baixas deverá ser longo e tortuoso, assim como o ajuste em direção a um câmbio mais depreciado.

Brasil – Eduardo Cunha e o PMDB optaram por adotar um tom mais conciliador no final de semana. Parece claro que um governo já fragilizado irá enfrentar um Congresso ainda mais hostil nos próximos meses. Contudo, não parece existir a intenção concreta de uma “pauta bomba” que venha a colocar o país ainda mais fora dos trilhos. O Congresso deve continuar adotando uma posição ambígua, aprovando parte dos ajustes necessários para a melhora das perspectivas econômicas do país, mas também colocar em pauta questões que venham a se tornar obstáculos ao PT e que venham a gerar constrangimento ao Governo e seus integrantes.

No ponto de vista do ajuste fiscal, uma matéria da Folha de sábado fala que Levy e sua equipe continuam comprometidos com o ajuste, questão que foi explicitada em mais uma excelente entrevista do ministro no mesmo jornal, mas na sua edição de domingo. A matéria referente à repatriação de recursos do exterior parece estar avançando mas, segundo fontes, a Fazenda espera uma repatriação em torno de US$25 bilhões. Concomitantemente com isto, o pagamento de cerca de R$1,6 bilhões feito pela Petrobras na semana passada parece ter sido um importante teste para acordos entre empresas e o fisco, referentes a processos que estariam travados no Carf, o que poderia render recursos em torno de R$70 bilhões ao governo. Além disso, a Fazenda continua em busca de receitas extraordinárias que venham a reforçar o caixa da União. Em suma, a despeito de ruídos pontuais, e da impossibilidade de cumprir o superávit de 1,1% prometido para este ano e 2% no ano que vem, Levy segue em sua batalha na tentativa de evitar uma elevação da dívida/PIB e um rebaixamento da nota de crédito do país para abaixo de “Investment Grade”.

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