Brasil: Busca por duration.

Em mais um dia de agenda esvaziada, os ativos de risco tiveram uma terça-feira de realização de lucros, o que me parece amplamente natural e saudável dentro de tendências mais longas. Assim, observamos um dia de dólar mais fraco, bolsas em queda, fechamento de taxas de juros nos EUA e relativa estabilidade das commodities, movimentos inversos aqueles verificados nos últimos dias. Vejo os movimentos de hoje como ajustes técnicos, em um mercado já com a liquidez prejudicada pelas férias no hemisfério norte.

No Brasil, a terça-feira foi mais agitada. O BRL seguiu o movimento do dólar no mundo e apresentou apreciação não desprezível. A bolsa local mostrou sinais adicionais de fragilidade, enquanto a curva de juros apresentou forte movimento de flattening, invertendo grande parte do steepening verificado nos últimos dias.

Continuo vendo valor na curva local de juros, mas não vejo prêmios relevantes na parte curta da curva (até Jan17). O movimento de busca por duration me parece fazer sentido, especialmente em um ambiente de proximidade do final de ciclo de alta de juros, fragilidade do crescimento, deterioração do mercado de trabalho, aperto fiscal e restrição creditícia. Os FRA´s mais longos ainda estão acima de 12%, patamar ainda elevado para a atual conjuntura econômica. O processo de juros mais baixos no Brasil não será linear, mas devemos olhar para termos posições estruturais nesta classe de ativo.

A mídia sinaliza que Joaquim Levy ainda não abandonou sua batalha em busca de um superávit fiscal este ano. Segundo fontes, Dilma ainda parece estar a seu lado. Novas medidas visando o aumento de receitas e corte de despesas parecem estar sendo estudadas, e podem ser divulgadas em breve, um vetor positivo a mais para a curva local de juros, especialmente os vértices mais longos.

Nos mercados externos, estamos diante de um período sazonalmente de menor volatilidade, o que já parece bem precificado pelo VIX e CVIX (vols implícitas das ações e das moedas, respectivamente). Podemos ter alguns dias/semanas de pressão sobre as vols, mas não acredito que haja espaço para quedas adicionais relevantes nas vols dos mercados.


Mantenho minha recomendação de dólar contra uma cesta de moedas (BRL, MXN, EUR, CAD e AUD), mas com stops mais apertados, apenas por disciplina. Faltando poucos dias para o final do mês, no BRL, faz sentido olhar para reduzir a fly 3200/3300/3400 curta, seguindo a redução do call/spread 3400/3500 mais longos que recomendamos ontem. Ainda vejo espaço para carregar posições aplicadas na parte mais longa da curva de juros nominal (jan18 em diante) assim como papeis longos de inflação, como a NTNB 2050 acima de 6%. Mantenha estruturas de opção baixistas no Ibovespa. Quedas nas bolsas da Europa devem ser vistas como oportunidades de compra.

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