FOMC e Copom em Foco.
Os ativos de risco operam em compasso
de espera para a decisão do FOMC na tarde de hoje nos EUA. Acredito que o Fed irá fazer um “market-to-market” de seu comunicado, atualizando sua visão de
cenário. A estratégia ótima do Comitê é deixar a porta aberta para qualquer
tipo de posicionamento até a reunião de setembro. Assim, o começo de um
processo de alta de juros já na próxima reunião do FOMC não deve ser
descartado, mas não deverá ficar evidente que este será o cenário com maior
probabilidade. O Fed deverá reforçar que os dados econômicos a serem divulgados
até lá serão determinantes para este processo. Ainda vejo Yellen e Cia.
tentando manter vivas as possibilidades do começo de um processo de alta de
juros ainda este ano e setembro não pode ser descartado. Este cenário tende a
dar suporte ao dólar no mundo e as taxas de juros nos EUA a medida que o cenário
ratifique as chances do começo deste processo.
A Rússia
anunciou que irá cessar a compra de dólares que havia anunciado há poucas
semanas atrás. A medida me parece uma reação óbvia frente a forte
desvalorização do RUB nos últimos dias. Será que, no Brasil, o BCB irá mudar
sua postura no tocante a rolagem dos swaps cambiais? Ao que tudo indica, será
necessário mais uma rodada de depreciação disfuncional da moeda para que o
governo atue na direção de suavizar os movimentos e prover hedge ao mercado.
No Brasil,
a reunião do Copom será o destaque da noite. Acredito que o Comite irá elevar a
Selic em 50bps, não excluindo a possibilidade de novas altas de juros nas
próximas reuniões. Com bem apontou Awazu no final da semana passada, as
novidades recentes, leia-se alteração do cenário fiscal e a alta do dólar, são
vetores que precisam ser debelados na tentativa de conter as expectativas
futuras de inflação. Contudo, co um cenário de acentuada recessão, não vejo o
BCB estendendo muito mais o ciclo de alta de juros.
Após a revisão da nota de crédito do
país feita pelo S&P ontem, existe
uma teoria no mercado de que o evento possa vir a ser positivo, já que irá ser
um “despertador” para que o Congresso ganhe alguma urgência na implementação
dos ajustes necessários para que o país não perca o grau de investimento. Tenho
grande ceticismo em relação a esta teoria, mas o tempo dirá se isso será ou não
verdade. Nesta linha, segundo o Valor de hoje:
Por Thiago Resende e Raphael Di Cunto | De Brasília
Num momento em que o ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, reivindica mais apoio do Congresso Nacional, a base
aliada sinaliza uma sustentação seletiva a projetos do ajuste fiscal.
Governistas exigem que o Palácio do Planalto também faça sua parte, reduzindo
os gastos da administração pública, e dizem que não devem mais aprovar medidas
que elevem tributos nem que prejudiquem trabalhadores. Prevendo um segundo
semestre mais difícil para determinados tipos de propostas econômicas,
lideranças aliadas à presidente Dilma Rousseff alegam que a função dos
parlamentares é adequar as iniciativas à realidade do país. Alguns citam ainda
que, ao passar para a oposição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ),
deve dificultar os planos de Levy.
"O governo não está fazendo
a parte dele. E o Congresso, cada vez mais independente, vai absorver a pauta
da sociedade. Se as novas medidas derem um arrocho ao setor produtivo e ao
trabalhador vai ter resistência. Mas serão aplaudidas se reduzirem ministérios
e regalias", afirma o vicelíder do PMDB na Câmara, Sérgio Souza (PR).
"Para o técnico do governo é muito fácil falar que vai aumentar imposto,
pois não tem contato com a população.
O Congresso, sim, tem essa
sensibilidade", observa o líder do bloco do PRB na Casa, Celso Russomanno
(SP), que reúne 38 deputados. Preocupados com o desemprego, governistas
entendem que o ajuste fiscal tem que ser feito, mas dizem que "remédio
demais pode matar a economia". Por exemplo, sem comprovar que a reforma do
PIS/Cofins, pretendida por Levy, não vai aumentar a carga tributária, a medida
terá resistência dentro da própria base de apoio do Planalto. Em entrevista ao
jornal "O Estado de S. Paulo" publicada ontem, Levy afirmou que a
meta de superávit primário não teria sido reduzida tanto de 1,1% do Produto
Interno Bruto (PIB) para 0,15% se a medida provisória da reoneração tivesse
sido aprovada quando enviada pelo governo.
"O protagonismo do Congresso até
agora tem sido na direção de enfraquecer a meta, pelas mais diversas
razões", afirmou. O embate entre a equipe econômica de Dilma e os
parlamentares sempre ocorreu e vai continuar, segundo o líder do PR na Câmara,
Maurício Quintella Lessa (AL). "A irritação com o governo, atualmente,
está em todas as classes sociais. A situação política é muito crítica e pode
agravar se a economia não der sinais de recuperação. O Congresso terá que ser
cauteloso para a economia não desandar de vez", defende. Apesar de algumas
derrotas, as principais propostas já enviadas ao Legislativo foram aprovadas
pelos deputados. "Dadas às circunstâncias econômicas e políticas, o governo
saiu até com saldo positivo nesse primeiro semestre", avalia o líder do
PSD, Rogério Rosso (DF). Para ele, a Câmara faz mudanças de acordo com a
vontade da sociedade.
Uma das joias do ajuste fiscal, o
projeto de lei que revê a desoneração da folha de pagamentos, no entanto, deve
voltar para a Câmara. Em articulação de senadores do PMDB, o texto deve ser
alterado. Mas parte dos deputados da base aliada quer manter a versão já
aprovada pela Casa. Essa demora na tramitação coloca em risco a arrecadação de
R$ 1 bilhão esperada por Levy em dezembro para atingir a nova meta de superávit
primário economia feita para pagar juros da dívida pública. O projeto retira
benefícios de empresas de 56 setores que usam muita mão de obra, elevando as
alíquotas a serem pagas à Previdência Social. A Câmara deu um alívio a algumas
companhias, como as de alimentos, transporte e call center. O Senado deve
acabar com isso e estabelecer uma alta de tributos de forma equânime. Nas duas
versões, o Ministério da Fazenda arrecadaria cerca de R$ 10 bilhões por ano.
Relator do projeto na Câmara, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), acredita
que a tendência é "retomar o texto aprovado pelos deputados, rejeitando o
do Senado". Devem engrossar esse coro o PTB, PSC e o bloco do PRB.
O transporte público, o call center,
que emprega muitos brasileiros, e a cesta básica têm que ser preservados,
argumenta o líder do PTB na Casa, Jovair Arantes (GO). PDT e PR, contudo, podem
apoiar as mudanças a serem promovidas pelo Senado neste projeto de lei. "A
tese de um tratamento igual para todo mundo agrada ao partido", observa o
líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE). Logo após o recesso parlamentar,
o governo também terá que lidar com projetos encampados por Cunha, que nega
retaliação por anunciar o rompimento com o Palácio do Planalto. Ele quer
colocar em votação propostas que desagradam a Dilma: nova correção dos recursos
do FGTS, um limite de apenas 20 ministérios e reforma tributária. Após reunião
ontem com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o pemedebista informou
que o governo cedeu e vai deixar de lado o texto do senador Randolfe Rodrigues
(PSOLAP) para enviar um projeto próprio sobre a repatriação de recursos que
estão no exterior um dos pilares da reforma do ICMS visada por Levy. Além
disso, 11 medidas provisórias (MPs) tramitam no Congresso.
A maioria de teor econômico, como a
alta de tributos a bancos, que faz parte do pacote do ajuste fiscal. Levy já
reclamou de derrotas do governo em votações de medidas provisórias. A Câmara,
por exemplo, aproveitou uma MP para incluir mudanças no fator previdenciário e
estender o reajuste real acima da inflação a todos os benefícios da
Previdência Social. Ambos, na forma em que foram aprovados, elevariam muito o
gasto e tiveram que ser "corrigidos" por vetos ou negociações do
Planalto
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