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Após um breve período de “risk-off” proporcionado por Grécia e China, os ativos de risco parecem ter retornado para suas antigas bandas, que vem sendo regra nos últimos meses. A segunda-feira serviu para o mercado se ajustar e digerir a estabilização dos problemas nesses dois países, pelo menos temporariamente. Assim, o BRL manteve seu patamar de 3,10-3,20, o S&P se manteve na banda de 2,050-2,130, a Treasury 10 anos se mantem em torno de 2,2%-2,5%, o EUR entre 1,08-1,15, e assim por diante. Exceto por ruídos pontuais, os mercados continuam sem mostrar grandes tendências no curto-prazo.

O dia foi de poucas novidades. A agenda de terça-feira será, talvez, a mais relevante da semana, com as vendas no varejo de maio no Brasil e de junho nos EUA. Ao longo da semana, a Moody´s estará no Brasil fazendo uma revisão da nota de crédito do país. O mercado já trabalha com um downgrade, mas um outlook negativo ou a perda de dois notchs seriam vistos como negativos.

Como comentei pela manhã, com os riscos referentes aos problemas na Grécia e na China dissipados no curto-prazo, o mercado poderá voltar suas atenções, ao cenário econômico global (recuperação da economia dos EUA). Assim, acredito que seja prudente retornar as posições compradas em dólar contra uma cesta de moedas no mesmo tamanho que propomos a cerca de duas semanas atrás, após um breve período de posição tática menor nesta classe de ativo. Gosto da cesta de moedas de EUR, MXN, AUD e CAD. No BRL, continuo gostando na fly 3200/3300/3400 curta, aliada a calls/spreads 3400/3500 mais longas, que perderam (organicamente) um pouco de delta após o movimento de sexta-feira, mas mantém o portfólio equilibrado. Reduza estruturas de opções baixistas no Ibovespa, mas mantenha posições aplicadas em juros locais via juros nominais e juros reais longos. O patamar superior a 6,20% nas NTNB longas me parece um nível interessante para começar uma alocação mais estrutural nesta classe de ativo.

Brasil - Aparentemente, a notícia de corte de produção da Vale (menor oferta = preços mais altos = melhora na balança) parece ter ajudado o bom desempenho do câmbio hoje. Além disso, o dólar contra EM no mundo está mais estável hoje (a despeito da alta do dólar contra G10) em um ambiente de posição técnica ruim no BRL (mercado muito vendido em BRL).

A curva de juros ameaçou apresentar mais um dia de desempenho negativo, mas acabou fechando o dia próxima a estabilidade. A despeito de um cenário ruim para a inflação no curto-prazo (nossa área econômica continua alertando para as chances de um IPCA acima de 0,55% este mês, contra um Focus de 0,45%) está ganhando força no mercado a probabilidade de uma queda em torno de 10% nos preços de energia em 2016. Ainda parece cedo para fazermos tal previsão, mas sem dúvida é um vetor para monitorarmos.

O quadro político segue indefinido, porém fluido. Parece ter crescido os ruídos entre a Fazenda e o Planejamento, com o primeiro insistindo na meta de superávit primário para este ano, mas com o segundo propondo a introdução de “bandas fiscais” e/ou uma redução da meta de superávit para este e para o próximo ano. A classe política que rodeia o Planalto está alinhada as propostas do Planejamento.


China – Devemos tentar separar as questões estruturais das questões cíclicas no país. Estruturalmente, o país irá apresentar um crescimento menor no futuro do que o crescimento verificado no passado recente. Ciclicamente, poderemos ver algum tipo de estabilização da economia, como já foi sinalizado pelos PMI´s recentes, e pelos dados de importação e exportação divulgados hoje. 

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