Update
Os ativos de risco mantiveram no final desta semana a tendência
de diferenciação entre classes de ativos e regiões que sugerimos que poderia
ocorrer no começo desta semana, após a superação dos ruídos pontuais
provenientes da Grécia e da China.
Assim, a sexta-feira está sendo de relativa estabilidade para as
bolsas nos países desenvolvidos, com mais uma rodada de pressão nas
commodities, em um ambiente de fortalecimento do dólar e abertura de taxas de
juros nos EUA. Vivemos a expectativa de recuperação da economia norte
americana, com perspectivas de alta de juros no país, em um ambiente de
crescimento estrutural mais baixo na China, com menor demanda por commodities.
No Brasil, observamos alguns leves sinais de aumento do prêmio
de risco nos ativos locais, com a curva de juros “steepando” (o Jan21/Jan17 já
saiu de -140bps para -85bps nas últimas semanas), o dólar voltando a superar o
patamar de 3,15 e bolsa mostrando sinais de fraqueza. O movimento é consistente com a piora,
na minha visão evidente, do cenário político e econômico. Como tenho insistido
ao longo desta semana, houve uma piora expressiva do cenário político local,
que agora está sendo seguido de dados mais negativos de atividade. Até poucos
dias atrás, isto não vinha sendo bem precificado pelos ativos locais. É natural
esperarmos maiores prêmios de risco nos ativos brasileiros.
Brasil – O
IBC-Br apresentou alta pífia de 0,03% MoM em maio, com a queda em relação ao
mesmo período do ano passado tendo saído de -3,24% para -4,75%, muito abaixo das
expectativas do mercado. O cenário de crescimento apresenta claros sinais de
deterioração. Nossa área econômica alerta para os riscos de um PIB inferior a
-2,5% para este ano, podendo ficar abaixo de -0,5% em 2016. Por hora, ainda não
há sinais do “fundo do poço”.
Continuo gostando de um portfólio comprado em dólar, através da fly
curta 3200/3300/3400, em conjunto com call/spreads 3400/3500 mais
longos. Vejo valor na curva de juros, mas entendo que o curto-prazo pode se
mostrar um pouco mais desafiador para esta classe de ativo, o que demanda
posições menores e stops mais apertados. Reduzir a duration do
portfólio da curva nominal de juros também faz sentido. Olharia para elevar,
novamente, as estruturas de opções baixistas no Ibovespa que vinhamos
recomendando.
EUA – O
Housing Starts ficou acima das expectativas do mercado, com alta de 9,8% em
junho, para 1174k. O Core CPI apresentou alta de 0,2% MoM e 1,8% YoY. O cenário
de recuperação da economia segue intacto. O processo tem se mostrado errático e
tortuoso, mas a economia parece bem posicionada para um crescimento “de
cruzeiro” em torno de 2,5% nos próximos meses. A inflação, por sua vez,
continua baixa, mas em um processo gradual de aceleração. A inflação não me
parece um problema de curto-prazo, mas o cenário parece estar confirmando as
expectativas do Fed de um processo gradual de fortalecimento da inflação.
Assim, me parece prudente a postura recente do Fed em manter a viva as
expectativas de uma alta de juros ainda este ano.
Mantemos a recomendação de compra de dólar contra uma cesta de
moedas (BRL, MXN, EUR, CAD e AUD) mas estamos com stops mais curtos nos
atuais níveis. Vemos espaço para o DXY operar na banda de 95/100 com leve viés
de vê-lo testar o patamar de 100 no curto-prazo.
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