Atualização de cenário.

A noite foi de poucas novidades relevantes. Os ativos de risco operam sem grandes movimentações, mas as principais tendências dos mercados ainda seguem inabaláveis. As commodities continuam sobre pressão, lideradas pelo petróleo (-1,8%). As moedas dependentes da demanda chinesa (AUD, NZD, CAD), além das moedas emergentes (TRY, ZAR) também aparentam fragilidade, enquanto as bolsas dos países desenvolvidos se mostram robustas, mesmo frente a juros levemente mais altos nos EUA.

O grande destaque do dia ficará por conta do ECI nos EUA e para o resultados fiscal no Brasil.

Brasil – O resultado do governo central, divulgado na tarde de ontem, mostrou um quadro extremamente desafiador para o ajuste das contas públicas do país, um cenário que já havia sido incorporado pelo mercado após o ajuste das metas deste e dos próximos 2 anos. Os ativos locais devem seguir o humor global a risco, assim como devem continuar se ajustando para a realidade dos fundamentos locais. Como tenho chamado a atenção, ainda vejo uma tendência de alta do dólar, mas esperaria uma certa consolidação em torno de 3,3-3,4, antes de buscarmos níveis ainda mais elevados. Acredito que poderemos ver juros mais baixos no país, mas o processo será lento e tortuoso. Nos atuais níveis do Ibovespa, não tenho opiniões direcionais mais sólidas, estando neutro nesta classe de ativo.

EUA – O PIB do 2Q divulgado ontem, assim como as revisões dos anos anteriores, mostraram um quadro de menor produtividade da economia, com um crescimento em geral mais baixo, mas uma inflação mais elevada. Os números ratificam a possibilidade concreta de uma alta de juros ainda em setembro por parte do Fed, mas em um processo que promete ser extremamente gradual e bem comunicado. Todas as atenções de hoje estarão voltadas para o ECI, um dos indicadores mais importantes para o quadro inflacionário do país.

China – As bolsas do país ainda estão pressionadas, mostrando fragilidade e sinais de fraqueza. Por hora, não está havendo um contágio maior para os demais ativos de risco, mas frente a um cenário econômico desafiador, este é um risco que teremos que conviver ao longo dos próximos meses. Ainda vejo a China como o principal risco para a economia mundial e os mercados financeiros globais. Gosto de ter posições compradas em USDCNY, especialmente via calls de USD (cujas vols implícitas ainda estão baixas) como um hedge para um cenário que pode vir a se deteriorar no país.


Europa – A Grécia saiu, momentaneamente, do radar do mercado. Contudo, as negociações em torno de um novo pacote de ajuda financeira ao país seguem acontecendo. Os ruídos políticos ainda são grandes, mas o problema tem se mantido localizado. Eu ainda vejo um cenário relativamente positivo para a região como um todo, pontuado por períodos de maior volatilidade devido a problemas específicos e localizados, como na Grécia. Ainda vejo um cenário positivo para as bolsas e os bonds (HY, IG) da região, em um quadro de enfraquecimento estrutural do EUR.

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