China e Grécia em Foco
A quinta-feira foi de poucas novidades relevantes para o cenário, mas com uma dinâmica ainda volátil dos ativos de risco. Liderados por um “rebound” das bolsas da China durante a noite (subiram mais de 5%), o dia foi marcado pela recuperação dos ativos de risco ao redor do mundo. Assim, observamos uma alta nas bolsas globais e nas commodities, uma abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos, e um leve alívio aos ativos emergentes (FX, rates e bolsas). O EUR, por sua vez, que tem sido o funding predileto para posições compradas em ativos de risco, teve um dia de queda, voltando a testar o patamar de 1,10.
Ainda vejo os mercados com sinais de fragilidade. Precisaremos de um melhor direcionamento dos eventos na China e na Grécia antes de uma estabilização mais consistente do humor dos investidores.
Eu mantenho minha visão descrita neste fórum na quarta-feira, ou seja, acredito que seja o momento de reduzir a posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas. As posições hoje devem ser muito menores do que no passado recente, e com stops mais apertados. Acredito que o cenário seja baixista para os juros no mundo, mas a aversão a risco de curto-prazo pode prejudicar o desempenho dos ativos emergentes (inclusive suas curvas de juros). Em suma, mantenha uma posição comprada em dólar, porém menor do que antes. A posição core deve ser agora na fly3200/3300/3400 curta, aliada a calls/spreads 3400/3500 mais longas no BRL. Olharia o nível de 3,25 para reduzir a posição, ou stopar parte dela abaixo de 3,20. Mantenha estruturas de opções baixistas no Ibovespa, assim como posições aplicadas em juros locais via juros nominais (Jan18/jan19) e juros reais longos. Reduza consideravelmente a posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas (EUR, MXN, CAD e AUD).
China – O governo local anunciou novas medidas de suporte ao mercado, o que ajudou na melhora do humor para as bolsas chinesas. Ainda vejo a situação extremamente delicada no país. A estabilização dos mercados locais ainda é incipiente, e precisa ser confirmada nos próximos dias, especialmente com uma recuperação de preços mas, impreterivelmente, com uma menor volatilidade.
Grécia – Os próximos dias serão determinantes para o país, mas no curto-prazo não existe condições de precisar qual será o caminha adotado nas negociações entre o país e seus credores.
EUA – O Jobless Claims subiu de 282k para 297k na ultima semana, acima das expectativas do mercado. Neste período do ano, contudo, as montadores de automóveis efetuam paralisações temporárias de suas atividades, o que torna a leitura dos números um pouco mais complexa. Ainda não há sinais concretos de que a crise na Grécia e na China estejam afetando as condições econômicas e financeiras nos EUA, mas o Fed já mostrou que não tem pressa em promover o seu processo de alta de juros.
Brasil – O fluxo de notícias continua negativo para o país, especialmente no tocante ao quadro político. Ontem, o Senado impôs mais uma derrota ao governo, aprovando o reajuste automático do salário mínimo aos aposentados. Isto irá gerar um constrangimento ao governo, que terá que vetar a MP. A Justiça Federal abriu ação de improbidade contra o presidente do Senado, Renan Calheiros. Acredito que Renan irá tentar retaliar este tipo de processo, já que na visão dele o governo é responsável por estarem investigando sua vida. Assim, não podemos esperar nenhum tipo de melhora nas relações entre o governo e o congresso. Para finalizar, parlamentares estão propondo uma meta de superávit primário de 0,4% este ano, muito abaixo dos 1,2% propostos anteriormente. Os desafios fiscais já eram sabidos e este tipo de notícia apenas confirma uma visão que já era amplamente disseminada no mercado. De qualquer maneira, todas as sinalizações apontam para uma piora no quadro político e econômico locais.
A taxa de desemprego da PNAD continua subiu de 8% para 8,1%, dentro das expectativas do mercado. Assim como em outras pesquisas referentes ao mercado de trabalho, observamos uma deterioração visível do emprego e dos rendimentos reais dos trabalhadores, tendência que deve ter prosseguimento nos próximos meses.
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