China: Forte queda nas bolsas, com sinais de contágio.

O destaque da noite ficou para mais uma queda, rápida e acentuada, das bolsas da China(superiores a 5%). A novidade desta sexta-feira, contudo, é que a dinâmica negativa começa a afetar os demais ativos de risco. Por hora, o contágio está concentrando nos ativos mais dependentes da demanda chinesa, como é o caso do Minério de Ferro e o AUD, por exemplo.

Não há um motivo específico para a queda acentuada dos mercados locais, mas vale destacar que as bolsas do país apresentaram forte alta no primeiro semestre deste ano, em muito sustentadas pelo aumento de alavancagem dos investidores individuais, em um pano de fundo de desaceleração da economia (ou seja, a alta não estava sendo liderada por uma melhora de cenário econômico, muito pelo contrário). O mercado de renda variável estava sendo visto como uma opção de investimento em um cenário em que o mercado imobiliário apresentava desaceleração e o mercado de crédito mostrava-se mais arriscado do que o imaginado anteriormente. Assim, na ausência de outras classes, os investidores migraram em massa para as bolsas do país, se utilizando de instrumentos de alavancagem para maximizar seus retornos. Agora, em um ambiente de maior incerteza, mesmo com o suporte do governo ao crescimento e as bolsas do país, o mercado está em um momento de realização de lucros.

Na noite de ontem, no Brasil, O BCB anunciou mais uma redução da rolagem dos swaps cambiais que vencem este mês. Se mantida o atual ritmo da rolagem, o BCB irá rolar cerca de 60% dos vencimentos, deixando vencer em torno de US$1b adicionais aos US$3,2b que já tinham a previsão de não serem rolados. Em um ambiente de dólar fraco no mundo e menor busca por hedges cambiais, o BCB continua sendo oportunista na rolagem dos swaps. Fica cada vez mais evidente que o cenário externo é quem está ditando a dinâmica do BRL e, por hora, o dólar vem mostrando um cenário de relativa estabilidade. No caso do BRL, em torno de 3,05-3,20, já há alguns meses. Continuo vendo uma depreciação cambial como um caminho natural para o rebalanceamento da economia, mas entendo que para este movimento ter continuidade, o cenário externo precisará caminha na direção de um dólar mais forte. Neste ambiente, gosto de carregar estruturas de opções que visam reduzir o carrego no curto-prazo, mas que tenham alavancam no longo-prazo. Assim, gosto das flys curtas 3200/3300/3400 combinadas a calls/spreadas mais longas, como a 3400/3500.

Hoje é feriado nos EUA e a liquidez deverá ser prejudicada. A situação na Grécia continua indefinida, com as pesquisas em torno do Referendum mostrando um quadro de total diviosão entre os votos “sim” e “não”.

Posição – O cenário ainda se mostra extremamente incerto para justificar alocações a risco mais agressivas. Não alterei minha visão positiva com relação a alta do dólar no mundo, expressa através de uma cesta de moedas (BRL, MXN, EUR, AUD e CAD), mas entendo que o ambiente justifique alguns stops um pouco mais apertados neste momento, ou uma leve redução de exposição (com a manutenção de stops mais largos). Não estou totalmente convicto do timing para buscar posições aplicadas em juros locais. Acho justo trabalhar com uma posição aplicada, porém ainda modesta, pois acredito que ainda teremos volatilidade nesta classe de ativo. Gosto do vértice Jan18 e dos juros nominais em detrimento aos juros reais. Ainda buscaria estruturas de opção baixistas no Ibovespa.

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