Brasil: Fim do ciclo de ata de juros.

Na expectativa de uma bateria de importantes dados econômicos nos próximos dias, como o PIB, Jobless Claims hoje e o ECI amanhã nos EUA, os ativos de risco operam sem grandes movimentações essa manhã. No Brasil, a agenda traz o IGP-M e os dados de crédito do BCB.

Eu mantenho minha visão descrita neste fórum na tarde de ontem. Acredito que, sem riscos relevantes no cenário (exceto pelos ruídos provenientes da China), o mercado poderá partir para o verão (e as férias) no hemisfério norte sem grandes preocupações. Assim, podemos esperar que o cenário sazonal de volatilidades mais baixas, e bom desempenho dos ativos de risco, venham a se confirmar nos próximos dias.

 Eu aproveitaria este momento (sazonal) de calmaria dos ativos de risco para adicionar calls de USD  ao longo dos próximos dias/semanas, se aproveitando da queda nas vols implícitas (em G10), mas mirando um horizonte de 2 a 3 meses. O mesmo poderá ser feito no mercado de juros norte americanos, visando taxas mais elevadas neste segundo semestre do ano. Enquanto isso, me parece fazer sentido “surfar” o bom momento para as bolsas na Europa, após a breve correção recente. A temporada de resultados corporativos na região está próxima a seu auge e, por hora, caminha para um desfecho positivo. Quedas adicionais no VIX podem trazer oportunidades interessantes de hedge para a posição em bolsas europeias através de puts de bolsas norte americanas.

Brasil – O Copom elevou a taxa Selic em 50bps, como era esperado pela maior parte do mercado e já vinha sendo precificado na curva local de juros. Contudo, o Comitê indicou que este deverá ser o último incremento de taxa de juros deste ciclo. De acordo com o comunicado após a decisão, “O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016.

A partir de agora, o debate deverá girar em torno de quando será o começo do processo de queda de juros no país. De um lado, o BCB deverá travar uma batalha tentando evitar que cortes agressivos sejam precificados no curto-prazo. De outro lado, o mercado deverá buscar posições aplicadas na curva de juros, vislumbrando uma recessão acentuada que deveria forçar o BCB ao corte de juros. Espero um “bull steepening” da curva de juros ao longo do dia. Após a decisão, mantenho meu viés positivo para a curva, mantendo uma posição aplicada. Entendo que os vértices intermediários (entre o Jan17 e Jan19) deverão ser os mais favorecidos por esta decisão.

Europa – O PIB da Espanha apresentou alta de 1% QoQ e 3,1% YoY no 2Q, confirmando o bom momento da economia. Na Alemanha, a taxa de desemprego ficou estável em 6,4% em julho. Já na Área do Euro, os indicadores de confiança apresentaram alta em julho, superando as expectativas do mercado e mostrando um cenário ainda positivo para as perspectivas de crescimento local, a despeito dos ruídos provenientes da Grécia. Ainda vejo um cenário de crescimento saudável ao longo deste ano, com inflação baixa e um banco central agressivo. Assim, espero um bom desempenho das bolsas e dos bonds (IG, HY e etc) da região, em um ambiente de queda gradual do EUR.

Japão – A produção industrial apresentou alta de 0,8% MoM e 2% YoY em junho, acima das expectativas de 0,3% MoM e 1,3% YoY. O cenário para o país se assemelha bastante aquele vivido pela Europa (e descrito acima), mas com um banco central que talvez esteja alguns meses na frente do ECB, ou seja, o ciclo no Japão me parece um pouco mais adiantado do que o ciclo econômico na Europa.

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