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EUA – Os dados de emprego de junho foram saudáveis, porém não robustos o suficiente para levar o mercado a elevar a probabilidade de uma alta de juros já em setembro. A despeito de uma descente criação de vagas no mês, observamos os rendimentos médios reais estáveis e mais uma queda de taxa de participação, sinais que reforçam o argumento para o Fed adiar o começo de um processo de alta de juros no país. Como bem observou o BNP: “The bigger picture is that jobs growth is good, unemployment is falling and wages lag the cycle, these data are no green light for September, but they are no red either.”

O mercado havia se posicionado para um número mais forte de emprego em junho, após uma série de indicadores antecedentes mais robustos. Com mais 2 meses de números de emprego e atividade para serem divulgados até a reunião do FOMC de setembro, e com o mercado já precificando probabilidade menor do que 30% de chances de uma alta de 25bps em setembro, e menos de uma alta total de 25bps durante todo este ano, acredito que os números de hoje não deverias alterar significativamente este cenário. Entendo que os dados, na margem, foram mais fracos, e que a posição técnica esperava números mais fortes, mas vejo o movimento de dólar fraco e fechamento de taxas de juros nos EUA hoje como correções/ acomodações pontuais. A deterioração da crise na Grécia pode vir a alterar este cenário, mas sem um contágio financeiro mais amplo, não vejo motivos, ainda, para alterar a visão construtiva com relação a economia dos EUA.

Brasil – A PIM de maio ficou acima das expectativas do mercado, com alta de 0,6%. A despeito da surpresa positiva, não parece que estamos no começo de um processo de recuperação do crescimento. A melhora parece pontual.

O mercado leu o discurso de Tombini ontem à noite como um sinal de que o BCB esteja próximo ao final do ciclo de alta de juros e o BCB já prepara o mercado para a redução do ritmo de alta de juros ou para uma eventual interrupção do ciclo. Eu confesso que não tive essa percepção. Vi o discurso mais como uma sinalização de que a política adotada até o momento esteja mostrando resultados concretos e que o BCB precisa se manter atento para evitar um contágio/inércia da inflação deste ano para os anos subsequentes. De qualquer maneira, com o atual cenário de crescimento, entendo que estejamos a cada dia mais próximos do final deste ciclo de alta de juros.

O mercado local de juros precifica altas de 45bps+20bps+10bps nas próximas reuniões do Copom. A curva segue bastante invertida, com quedas precificadas a partir de março de 2016.

O dia foi positivo para os ativos locais, mas em grande parte ajudado pela descompressão das taxas de juros nos EUA.

Grécia – Sem grandes novidades. Os ativos na Europa tiveram uma quinta-feira negativa, com mais uma rodada de queda nas bolsas e abertura de taxas de juros nos países da periferia da Europa. Acredito que existem diversos instrumentos para conter a crise grega caso a situação se deteriore, mas entendo que o ECB será reativo em relação a este cenário, e não proativo. Assim, o maior risco de curto-prazo seria o voto “não” vencer o Referendum de domingo, com os ativos de risco abrindo sobre forte pressão na segunda-feira.

China – O cenário de crescimento do país não apresentou mudanças relevantes nos últimos meses. O crescimento ainda mostra sinais de fragilidade, mas apresentou estabilização recentemente. O mercado de renda variável vem apresentando volatilidade elevada que, por hora, tem se mantido contida, sem sinais de contágio para os demais ativos de risco. Não vejo um cenário de crise no curto-prazo, mas acredito que o governo tem enormes desafios estruturais e de crescimento para lidar nos próximos meses e anos.

O minério de ferro voltou a operar sobre forte pressão, remontando ao ambiente que vivemos no começo deste ano. Além da demanda mais fraca, o excesso de oferta para afetar parte do complexo de commodities. Não vejo mudança estrutural nesta frente.


Posição – O cenário ainda se mostra extremamente incerto para justificar alocações a risco mais agressivas. Não alterei minha visão positiva com relação a alta do dólar no mundo, expressa através de uma cesta de moedas (BRL, MXN, EUR, AUD e CAD), mas entendo que o ambiente justifique alguns stops um pouco mais apertados neste momento, ou uma leve redução de exposição (com a manutenção de stops mais largos). Não estou totalmente convicto do timing para buscar posições aplicadas em juros locais. Acho justo trabalhar com uma posição aplicada, porém ainda modesta, pois acredito que ainda teremos volatilidade nesta classe de ativo. Gosto do vértice Jan18 e dos juros nominais em detrimento aos juros reais. Ainda buscaria estruturas de opção baixistas no Ibovespa.

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