Brasil: Ajustes de preço.
O cenário desafiador que se apresenta para a economia chinesa
parece estar afetando negativamente o cenário para os ativos de risco. Além da
manutenção da pressão sobre as commodities, as bolsas dos países desenvolvidos
parecem sentir, temporariamente, os efeitos negativos do cenário chinês. Além
disso, o pano de fundo para os países emergentes não mostra sinais de melhor.
Pelo contrário, um menor crescimento da China, aliado as perspectivas de alta
de juros nos EUA, não costuma ser uma receita positiva para os países
emergentes e seus ativos.
A queda no preço das commodities já começa a afetar o humor para
outros ativos de risco. A Treasury de 10 anos nos EUA voltou a operar em torno
de 2,25%, após testar níveis próximos a 2,5% nas últimas semanas. O mercado já
debate a necessidade de extensão do QE na Europa com o petróleo novamente
abaixo de US$50 e as bolsas dessas duas regiões mostram sinais de fadiga
próximas aos highs deste ano.
Como tenho afirmado nas últimas semanas, ainda vejo um cenário
relativamente positivo para as bolsas dos países desenvolvidos, em especial na
Europa. O ambiente é propício para a continuidade do processo de alta
estrutural do dólar no mundo, suportando por taxas de juros mais elevadas nos
EUA vis-à-vis o resto do mundo. O cenário para as commodities segue desafiador.
Os países emergentes devem seguir está toada externa, com os fundamentos locais
ditando a velocidade do ajuste em cada país ou região. No Brasil, tenho ganhado
convicção no mercado de juros, mas entendo que o processo de taxas mais baixas
deverá ser longo e tortuoso, assim como o ajuste em direção a um câmbio mais
depreciado.
No Brasil, acho positiva a postura do BCB (mais detalhes
abaixo) em manter a ancora monetária, especialmente após uma forte revisão das
metas fiscais. Contudo, com as perspectivas de rebaixamento da nota de crédito,
e sem sinais de recuperação do cenário, apenas um ajuste substancial de preços
será capaz de frear a dinâmica ruim dos ativos locais. Este ajuste parece ter
ocorrido no mercado de juros, pelo menos em grande parte. O ajuste do câmbio
deve ser mais prolongado, já que os fundamentos apontam para a necessidade de
um Real mais desvalorizado. Não podemos esperar, contudo, que a velocidade do
ajuste continue na mesma toada da verificada nos últimos dias. No mercado de
renda variável, a bolsa em dólar atingiu os menores níveis dos últimos anos,
com vários setores começando a apresentar prêmios não desprezíveis em termos de
valuation.
Mantenho, assim, uma visão de continuidade da alta do dólar.
Acho válido adicionar uma posição aplicada em juros, mas realizaria lucro nas
estruturas de opção baixistas de Ibovespa que tínhamos recomendando.
Comentários
Postar um comentário