[Update] Brasil: Investment Grade em xeque.
A terça-feira está sendo de correção técnica por parte de
algumas classes de ativos. A bolsa brasileira apresenta forte alta, após testar
importantes suportes gráficos para os índices locais em dólar; o BRL segue sua
tendência de depreciação, acentuada pelo vencimento de cerca de US$4bi que o
BCB não irá rolar de swap este mês, em um ambiente em que o mercado já
se mostra menos alocado na compra do dólar (ver posições dos estrangeiros na
BMF). O dólar no mundo apresenta fraqueza desde a tarde de ontem, com as
commodities tendo um dia de alta. Acho interessante observar como o EUR ganhou,
definitivamente, o status de “funding currency”, apreciando em períodos
de “risk-off” e depreciando em dias de “risk-off”. Nas últimas
semanas, sem uma direção mais clara dos ativos de risco globais, a moeda parece
ter se estabilizado em torno de 1,10.
Não alterei minha visão em relação aos mercados. Acho prudente
estar menor na posição comprada em dólar, apenas para proteger ganhos recentes.
Faz sentido trocar parte do direcional por estruturas de opção. Com as vols
implícitas nos níveis mais baixos do ano, acho uma oportunidade interessante
para ganhar alavancagem e proteger o portfólio. Continuo vendo quedas nas
bolsas da Europa como oportunidades de alocar risco nesta classe de ativos.
Acho que faz sentido alocar risco visando taxas de juros mais altas nos EUA.
No Brasil, continuo vendo uma alta estrutural do dólar, mas
entendo que o patamar de 3,4 já não se mostra uma barganha como antes. Estou em
busca de estruturas de opção, com delta comprado, mas visando uma alta da moeda
menos disfuncional do que a verificada nos últimos dias. Gosto de posições
aplicadas na parte intermediária da curva de juros após a abertura recente de
taxas, mas entendo que as perspectiva de perda do IG possam manter este mercado
ainda volátil por um bom tempo. O cenário de crescimento deve se mostrar
extremamente desafiador nos próximos meses, o que impedirá o BCB de ir muito
distante no processo de alta de juros. A curva ganhou prêmios relevantes nos
últimos dias. Para evitar os ruídos de política monetária no curto-prazo, e os
riscos fiscais/políticos da parte longa da curva, meu foco está nos vértices
intermediários (Jan19). A postura nesta classe de ativo ainda demanda cautela e
um viés tático, com stops mais curtos e de tamanho mais moderado. Me
chama a atenção o FRA de 2018 a 13%.
Brasil – O
S&P anunciou uma mudança de outlook para o rating do país
para negativo, mantendo um grau acima do Investment Grade. Como comentamos hoje
pela manhã, as chances da perda do IG aumentaram exponencialmente após a
revisão da meta de superávit primário para este ano e para os anos de 2016 e
2017. Acho natural esperar que a Moody´s anuncie medidas nesta mesma direção.
O Índice de Confiança de Serviços, assim como Índice de
Confiança da Construção apresentaram quedas em julho, confirmando um cenário
desolador para o crescimento do país. O Copom será obrigado a elevar os juros
em mais 50bps em sua reunião de amanhã, mas não deve fechar a porta para
aumentos adicionais de juros, em uma tentativa de conter as expectativas mais
longas de inflação após a revisão da meta de superávit primário. A acentuada
fraqueza da economia, contudo, deverá permitir que o BCB encerre, em breve, o
ciclo de alta de juros.
EUA – O
Consumer Confidence caiu de 99,8 para 90,9 pontos em julho, abaixo das
expectativas de 100. O Markit PMI Services, contudo, saiu de 54,8 para 55,2
pontos no mesmo mês. Os dados de atividade econômica continuam mostrando um
cenário misto para o crescimento do país. O Fed, contudo, vem mantendo a
mensagem de que parece ser prudente, em algum momento deste ano, começar um
processo lento, gradual e bem comunicado de alta de juros.
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