Brasil: Fiscal em xeque.
Ainda em um período sem novidades relevantes no front
externo, os ativos de risco voltaram, em grande parte, as tendências que víamos
como as mais prováveis no curto-prazo, após um breve período de consolidação
técnica e ajuste pontual de posições. Assim, o dia está sendo de fortalecimento
do dólar e uma nova rodada de pressão sobre as commodities. As bolsas dos
países desenvolvidos parecem passar por um período de consolidação, assim como
as taxas de juros norte americanas.
Não alterei minha visão em relação ao posicionamento do
portfólio. Mantenha uma posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas
(BRL, MXN, EUR, AUD e CAD), mas trabalhe com stops mais curtos. A
recente queda nas vols implícitas nas moedas de G10 começa a criar
oportunidade interessantes para se posicionar através do mercado de opções
(vide gráfico e comentários adicionais abaixo). As quedas nas bolsas da Europa
devem ser vistas como oportunidades de compra.
No Brasil, gosto de posições vendidas em BRL, aplicadas
na parte intermediária e longa das curvas reais e nominais de juros, em
conjunto com estruturas de opções baixistas em Ibovespa. No BRL, com a
proximidade do final do mês, já havíamos recomendado a redução do call/spread
3400/3500 mais longo. Agora, me parece o momento oportuno para rolar parte da fly
3200/3300/3400 com vencimento no final deste mês. Manteria uma posição nesta
estrutura visando o final do mês. Estou olhando para estruturas semelhantes com
vencimento no mês seguinte.
Na minha visão, continua se desenhando um cenário baixista para
os juros, altista para o dólar e baixista para a bolsa. A definição do
superávit primário para este ano será fundamental para o cenário de
curto-prazo. O anuncio está agendado para hoje à tarde. Um número muito
inferior a 0,6%-0,7% será visto como um sinal de fraqueza de Levy, o único
bastião ainda em busca de novas fontes de receitas e corte de despesas dentro
de um governo cada vez mais fragilizado pelo cenário de crise política,
recessão, inflação alta e aperto monetário, fiscal e creditício. Na eventualidade
de deste cenário, o natural é reduzir risco na ponta aplicada em juros,
mantendo o viés altista para o dólar e baixista para a bolsa. Caso Levy ganhe
esta queda de braço, o portfólio parece estar balanceado, mas pode se abrir uma
janela para elevar a exposição aplicada em juros, especialmente nos vértices
mais longos.
A quarta-feira está sendo de forte pressão sobre os ativos
locais. Com a bolsa em forte queda, uma acentuada depreciação cambial e um bear
steepening da curva local de juros. A mídia ventilou, ao longo de todo o
dia, a possibilidade de revisão do superávit primário para este ano para o
patamar de 0,15%, com o superávit de 2016 também podendo ser revisto para
baixo.
O IPCA-15 de julho não trouxe novidades relevantes ao cenário,
exceto por não trazer surpresas altistas para um número que já tinha sido
progressivamente revisado para cima nas últimas semanas.
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