Relief Rally

Os ativos de risco mantiveram durante o dia os movimentos verificados na abertura desta sexta-feira, ou seja, um movimento clássico de “risk-on”, em reação a avanços concretos e positivos no tocante as negociações entre a Grécia e seus credores. A despeito da alta nas bolsas, do movimento de dólar fraco no mundo e da abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos, movimentos clássicos de busca por risco, vale a pena ressaltar que não observamos uma alta mais rápida e acentuada no mercado de commodities metálicas. O mesmo pode ser dito dos ativos mais dependentes da demanda chinesa (AUD, NZD, CAD). Este pano de fundo sinaliza para uma situação ainda de fragilidade e desconfiança em torno do crescimento da China, a despeito do sucesso preliminar do governo em conter a queda das bolsas locais.

Eu mantenho minha visão descrita neste fórum ao longo da semana, ou seja, acredito que seja o momento de reduzir a posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas. As posições hoje devem ser muito menores do que no passado recente, e com stops mais apertados. Mantenha uma posição comprada em dólar, porém menor do que antes (entre ½ e 1/3 da posição anterior). Gosto da cesta de moedas de EUR, MXN, AUD e CAD. Continuo gostando na fly 3200/3300/3400 curta, aliada a calls/spreads 3400/3500 mais longas no BRL, que perderam um pouco de delta após o movimento de hoje, mas mantem o portfólio equilibrado. Mantenha estruturas de opções baixistas no Ibovespa, assim como posições aplicadas em juros locais via juros nominais e juros reais longos. O patamar superior a 6,15% nas NTNB longas me parece um nível interessante para começar uma alocação mais estrutural.

Brasil – Enquanto a bolsa e o BRL seguem, a grosso modo, o humor global a risco, a curva de juros parece, definitivamente, ter voltado suas expectativas para uma alta de apenas 25bps na próxima reunião do Copom. A curva hoje precifica altas de 35bps+15bps nas próximas reuniões do Copom. O Jan21/Jan17 saiu de -140bps para -95bps ao longo da semana. A curva precifica quedas em torno de 25bps a partir da reunião de março/abril de 2016.

Segundo nossa área econômica, ainda existe um risco não desprezível de um IPCA em torno de 0,55%-0,60% em julho, patamar superior aos 0,45% esperados pelo mercado, e muito superior as expectativas de algumas semanas atrás. Neste ambiente, caso confirmado, ainda será difícil para o BCB justificar uma redução do ritmo de alta de juros, ou se comprometer, a priori, com o encerramento do processo de alta da taxa Selic. Assim, tenho buscado posições aplicadas na parte longa da curva real de juros, assim como na parte um pouco mais longa da curva nominal de juros. Ainda vejo uma economia extremamente fraca que, mais cedo do que tarde, irá ajudar no combate à inflação. Contudo, entendo que o debate de curto-prazo em torno da política monetária, vis-à-vis o que já foi precificado nos últimos dias (em termos de probabilidade de alta de 25bps no próximo Copom), pouco atrativo para posições aplicadas na parte mais curta da curva.


EUA – Em discurso hoje, Yellen manteve o mesmo tom de suas últimas aparições. O Fed continua administrando uma situação em que tenta evitar que o mercado descarte totalmente o começo do processo de alta de juros este ano, mas tendo que lidar com algumas incertezas de curto-prazo (Grécia, China). O mercado hoje precifica cerca de 30% de probabilidade de uma alta de 25bps e setembro, e um pouco menos de uma alta total de 25bps ao longo de todo este ano. O Fed será dependente dos dados, como eles mesmo tem afirmado consistentemente nos últimos meses. Assim, os desenvolvimentos na Grécia e na China, assim como, principalmente, nos EUA será fundamental para a política monetária norte americana.

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