Relatório Semanal de Asset Allocation:
No Brasil, o destaque da semana passada ficou por conta do
Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central do Brasil. Nossa área
econômica resumiu o documento da seguinte forma:
Visão geral sobre o RI é
que na margem corrobora a mensagem mais dovish dos discursos recentes
(sugerindo uma flexibilidade maior para cortar -75 ou -100). Usa o tempo
passado para dizer “que uma redução moderada do ritmo de flexibilização
monetária em relação ao ritmo adotado naquela ocasião deveria se mostrar
adequada em sua próxima reunião, em julho” e abre o parágrafo que havia na ata
(veja em verde abaixo) adicionando o trecho: “O ritmo de flexibilização
monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço
de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das
projeções e expectativas de inflação” – Isso na minha opinião, deixa o jogo
mais aberto (entre -75 e -100).
As projeções de IPCA de
curto prazo têm um bom espaço para serem surpreendidas para baixo (colocando
bandeira amarela, achamos que o IPCA fica 0,4pp abaixo da projeção deles nos
próximos três meses).
As projeções
condicionais no cenário-base do BC ficaram mais ou menos em linha com o
esperado (3,8% no final de 2017 e 4,5% no final de 2018), mas há uma dinâmica
mais favorável em 2019 do que era no RI de março. Agora o IPCA desacelera no 1º
e no 2º trimestre de 2019 (atingindo 4,3% nesse último), enquanto no RI de
março o 1º tri de 2019 acelerava.
O segmento de
administrados permanece elevado para 2017 (foi revisado para baixo, de 6,1%
para 5,9%), enquanto que pela data de corte as expectativas de inflação de 2018
incorporadas no modelo foram de 4,36% (ao invés de 4,33% como foi no último
Focus).
O IPCA-15 de junho ficou levemente acima das expectativas, mas
em um patamar ainda muito favorável, e com um qualitativo positivo. De acordo
com nosso departamento econômico:
O IPCA veio acima do
esperado (+0,16% vs. BBG: 0,11%). A nossa surpresa foi majoritariamente em
administrados (combustíveis e energia elétrica), enquanto a média dos núcleos
ficou 2bps acima. O qualitativo segue bom. Os indicadores de difusão (geral e
de serviços) vieram em patamares bastante baixos (após ajuste sazonal). A média
dos núcleos dessaz ficou em 3,1% anualizada (na média móvel trimestral dessaz).
Serviços dessaz em 4,4% e serviços subjacentes em 3,6% (ambas as taxas
anualizadas). Aparentemente a inflação de serviços subjacentes encontrou um
certo piso para desaceleração (uma hipótese é a rigidez para baixo nos preços
de serviços).
No cenário externo, continuamos a observar um ambiente de
crescimento relativamente estável, com flutuações em torno da tendência. Não
vemos sinais claros de aceleração do crescimento global, como se esperava há
poucos meses atrás, mas tampouco existem sinais mais preocupantes de
desaceleração. Existe uma dispersão grande, e talvez crescente, entre a
performance de países e regiões. Todavia, de maneira generalizada, ainda nos
parece ser um ambiente relativamente construtivo para a economia mundial.
A inflação no mundo emergente continua sua trajetória
descendente, enquanto os preços no mundo desenvolvido sobem apenas
gradualmente. Este pano de fundo permite uma política monetária gradual, o que
tem ajudado a manter as condições monetárias relativamente frouxas ao redor do mundo.
A baixa volatilidade econômica está induzindo níveis
historicamente baixos de volatilidade dos ativos financeiros. Este ambiente não
pode ser confundido com ausência de riscos. Os riscos existem, mas hoje são
vistos com probabilidade baixa de ocorrência.
Continuamos a ver o cenário atual como um cenário econômico
construtivo, que ficou conhecido pela alcunha de “goldilocks”. Contudo, o nível
de preços de alguns ativos financeiros, a baixa volatilidade dos mercados, e a
posição técnica em algumas classes de ativos, nos mantém com postura mais
cautelosa, como temos demonstrado na seção de “Alocação/Estratégia” abaixo,
sinalizada já há algumas semanas. Estamos optando por manter posição em temas
específicos, e buscando hedges que nos parecem baratos para a atual conjuntura.
Alocação/Estratégia:
Diante das incertezas
políticas locais movemos, na última semana de maio, todas as recomendações para
neutro. Optamos por esperar uma clareza maior do cenário político antes de
concluirmos com mais exatidão qual o cenário prospectivo para o país. Neste
momento, julgamos ser extremamente prematura tentar tirar qualquer conclusão
mais concreta. Assim, acreditamos que o mais prudente seja manter posições
neutras.
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