Cautela ainda necessária. Foco deve ser em temas específicos.
O dia foi de poucas novidades
econômicas concretas, mas com uma dinâmica que manteve os sinais de
instabilidade iniciadas desde a última reunião do FOMC (e os sinais recentes do
Fed).
O destaque absoluto
ficou por conta de mais uma rodada de queda no preço do petróleo. Sou pouco entendido no assunto. Tendo a acreditar que o
mercado de commodities apresenta movimentos de curto-prazo muito mais
acentuados do que as mudanças de fundamentos representam. De qualquer maneira,
com o WTI novamente próximo aos $40, e nos níveis mais baixos em cerca de 7-8
meses, o movimento começa a incomodar os demais ativos de risco. Tenho pouca
sensibilidade a este mercado para emitir uma opinião concreta sobre sua
direção.
No Brasil, o destaque ficou por conta do bom desempenho da curva curta
de juros, as vésperas da divulgação do Relatório de Inflação. A curva
apresentou movimento de steepening,
com as inflações implícitas subindo marginalmente. Acredito que estes
movimentos fazem sentido, diante de um cenário cíclico extremamente favorável a
continuidade do processo de distensão monetária, mas com elevados riscos
estruturais provenientes do impasse político atual.
O Relatório de Inflação deverá mostrar um cenário de inflação mais baixa
para 2017 e 2018 se comparadas as últimas estimativas do BCB. As expectativas
devem ser bem abaixo do centro da meta para 2017 e em torno da meta em 2018.
Continuo vendo valor na
parte curta da curva de juros nominais, e um bom risco/retorno em algumas
estruturas de opção. Mantenho uma postura de administrar o tamanho e os
instrumentos da posição. Diante das incertezas do cenário, me parece difícil
que o mercado embarque em um movimento rápido e acentuado de precificar um
ciclo muito maior de corte de juros “a valor presente”, mas acredito que, à
medida que o tempo passe, e a inflação e o crescimento baixo se concretizem, na
ausência de problemas adicionais no campo político e/ou externo, o ciclo de
queda da Taxa Selic poderá continuar, em nível superior ao precificado na curva
neste momento. Acho prudente manter alguns hedges para a posição, como
estruturas de dólar e compra de inflação implícita na parte intermediária da
curva.
Nos EUA, destaque para o Existing Homes
Sales, que apresentou alta em maio, acima das expectativas, e superior aos
dados de housing divulgados na semana
passada. É interessante observar que parte da fraqueza do setor imobiliário
esteja relacionada a uma aparente ausência de oferta, o que já coloca pressão
altista nos preços. Segundo o Morgan Stanley:
- The housing market continues to
struggle with record low numbers of homes for sale and labor shortages and
other supply-side restraints preventing a stronger pickup in new home
construction.
- "Listings in the affordable
price range are scarce, homes are coming off the market at an extremely
fast pace, and the prevalence of multiple offers in some markets are
pushing prices higher."
- The average number of days a home was
listed in May before being sold was down to 27 days from 29 in April and
32 a year ago, low in the six years the NAR has tracked it.
- Lack of supply versus stronger demand
-- looking at mortgage purchase applications rising to a seven-year high
in May and increasing further to an eight-year high so far in June -- has meant
higher prices. The median existing home sales price hit a record high
$252,800 in May, up 5.8% year/year. That's now 9.7% above the July 2006 housing bubble peak.
Vale a pena deixar
registrado que cresceu no mercado o debate em torno da postura recente adotada
pelo Fed, e que venho explorando neste fórum desde a semana passada. Ainda não
é um consenso no mercado quais serão os efeitos de uma possível, e cada vez
mais provável, redução do balanço, mas cresce a visão de que poderá trazer
efeitos negativos, mesmo que pontuais e localizados, sobre os ativos de risco
em geral.
Como este processo
nunca ocorreu no passado, não há base de comparação. Além disso, muitos ativos
de risco estão em picos históricos ou cíclicos, além das volatilidades estarem
em pisos históricos.
Mantenho viés tomador
na curva de juros dos EUA. Acredito que as vols implícitas estejam baixas para
adicionar a este tema via o mercado de opção. O mesmo vale para proteção dos
portfólios via estruturas de opção no mercado de renda variável dos EUA.
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