EUA: Sinais dúbios.
O destaque do dia ficou
por conta dos dados de mercado de trabalho dos EUA para o mês de maio. O número mostrou uma desaceleração da
criação mensal de vagas, mais uma queda na taxa de desemprego (totalmente explicada
pela queda da taxa de participação) e uma alta gradual do Average Hourly
Earnings.
O mercado reagiu com
mais um movimento de queda do dólar no mundo, sustentada pelo fechamento de
taxas nos EUA. Os principais índices de bolsa do país apresentaram alta,
atingindo novos picos históricos.
O número de hoje mostra
uma economia saudável, e em nada altera o cenário para uma alta de 25bps por
parte do Fed na reunião do FOMC deste mês. Acho natural, no atual nível de
emprego, que haja uma desaceleração na criação mensal de vagas de trabalho.
Assim como acho natural e esperado alguma moderação nos indicadores de
confiança. A aparente ausência de pressões de salários indica que ainda possa
haver algum espaço no hiato do produto. Eu vejo a economia muito próxima do
pleno emprego e acredito que uma alta na inflação, mesmo que gradual, é uma
questão de tempo.
A está altura do ciclo
econômico parece evidente que os mercados financeiros globais continuarão a ver
este ambiente de crescimento saudável, com uma criação ainda positiva de
emprego, e sem pressões inflacionárias aparentes, como um ambiente propício aos
ativos de risco em geral.
Vale lembrar, contudo, que desde a última alta de juros
promovida pelo Fed houve um forte afrouxamento das condições financeiras nos
EUA. Persistindo este ambiente, e levando em conta as indicações de membros do
Fed, é natural esperar que o processo de normalização monetária seja ainda mais
rápido do que o imaginado anteriormente. Isto não significa, contudo, que o
processo precise causar rupturas. O mercado hoje precifica 2 altas de juros de
25bps apenas em outubro de 2018 e menos de 2,5 altas de 25bps até o final de
2019. Na ausência de algum choque econômico, e mesmo diante de uma inflação
controlada, este cenário me parece excessivamente pessimista.
No Brasil, a Produção Industrial de abril superou as expectativas do
mercado com alta de 0,6% MoM e -4,5% YoY. A surpresa, contudo, em pouco altera
o cenário nebuloso para o crescimento do país. Nossa área econômica resumiu de
forma pertinente este quadro:
>> A PIM veio acima do esperado (+0,6%m/m dessaz vs. BBG:
+0,1%m/m dessaz e -4,5%a/a vs. BBG: -5,5%a/a). Entretanto, a dinâmica de
retomada da atividade industrial tem sido hesitante, ora subindo ora caindo,
ficando mais ou menos de lado quando comparamos ano nível de produção do começo
de 2016. A média móvel trimestral anualizada da taxa de crescimento da PIM
mostrou contração de 2,7%. A produção de bens duráveis (segmento leading de
ciclo) tem mostrado alguma tendência de retomada ao longo dos últimos meses. A
nossa proxy mensal de investimentos mostrou queda em abril (e -8,7%a/a). O
ainda elevado nível de estoques na indústria, o alto patamar de incerteza e o
baixo nível de confiança industrial (FGV) sugerem a continuidade da dinâmica
rastejante da produção industrial.
Não estou adicionando
risco no momento. Estou observando com atenção o movimento da curva curta de
juros no Brasil. Já vejo valor, por acreditar na continuidade de um processo de
queda gradual da Taxa Selic, mas a dinâmica do mercado, aliado ao quadro
técnico, me fazem esperar atentamente o momento oportuno para posições mais
agressivas. Estou utilizando o BRL como hedge
tático do book de juros, mesma
postura na compra de inflações implícitas na parte intermediária da curva.
No cenário externo,
gosto de algumas posições direcionais via opções, cujas vols implícitas estão excessivamente baixas, na compra do dólar,
porém extremante seletivo. Ainda gosto de posições tomadas nos juros dos EUA.
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