Reflation -> Rate Normalization -> Higher Vol -> Risk Off?

Os ativos de risco basicamente mantiveram a trajetória que comentei pela manhã, com a diferença de uma queda nas bolsas globais e uma piora na percepção para os ativos de risco mais dependentes de liquidez, como algumas moedas e ativos emergentes em geral.

O tema de normalização monetária coordena (“rate normalization”)  que comentei pela manhã, e o DB chamou de “Sintra Pact”, continua e, na minha visão, continuará a ditar a dinâmica dos ativos de risco. Enquanto não houver uma clareza maior em relação ao nível que as taxas de juros nos países desenvolvidos podem atingir (não as taxas básicas, oficiais, mas as taxas de mercado) e como será o processo de redução do balanço dos principais bancos centrais ao redor do mundo, estamos propensos a realizações de lucros, um ambiente de maior volatilidade e incerteza.

Por ora, o cenário econômico segue relativamente estável e construtivo, no que o mercado deu a alcunha de “goldilocks”. Este cenário econômico costuma ser um ambiente favorável aos ativos de risco. Contudo, no curto-prazo, o mercado em que já via preços “esticados”, uma posição técnica comprometida e uma volatilidade excessivamente baixa, ou seja, uma certa complacência por parte dos investidores, será norteado pelo debate em torno do processo de normalização monetária.

Não estou promovendo alterações em minhas alocações, apenas administrando tamanhos e instrumentos.

No Brasil, o CMN reduziu a meta de inflação de 2019 para 4,25%, dentro das expectativas, mas também reduziu a meta de 2020 para 4,00%, o que não era totalmente esperado. A decisão deve ser vista como positiva, pois mostra comprometimento da equipe econômicas com um processo estrutural de inflação mais baixa no país.

O déficit do governo central, em maio, foi superior as expectativas. Um pagamento pontual explica a diferença das expectativas para o realizado. De qualquer maneira, como o governo já vem sinalizando, dificilmente o país será capaz de atingir a meta fiscal sem um aumento de imposto, ainda este ano. O favorito, no momento, é a CIDE e o PIS/Cofins de gasolina e derivados.

Tenho adotado postura mais cautelosa no curto-prazo. Os eventos recentes apenas reforçam minha visão. Por ora, estou vendo este momento de realização/acomodação como um evento normal diante de preços “esticados”, posição técnica comprometida e cenário menos óbvio. Contudo, precisaremos acompanhar no detalhe o efeito concreto que a mudança de postura por parte dos bancos centrais terá para o desempenho estrutural dos ativos de risco como todo.


Acho prudente manter alguns hedges para a posição aplicada na parte curta da curva local de juros, como estruturas de dólar (altista) e a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Mantenho viés tomador na curva de juros dos EUA. Acredito que as vols implícitas estejam baixas para adicionar a este tema via o mercado de opção. O mesmo vale para proteção dos portfólios via estruturas de opção (puts) no mercado de renda variável dos EUA.

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