Relatório Semanal de Asset Allocation:

No Brasil, em uma semana comprometida pelo feriado, o destaque ficou por conta da divulgação das vendas no varejo de abril. O número apresentou alta superior às expectativas do mercado, apontando para uma estabilização do crescimento do país. Vale a pena ressaltar, contudo, que os dados de vendas no varejo sofreram fortes revisões ao longo deste ano. Neste momento, ainda nos parece difícil tirar conclusões muito concretas em relação a este setor da economia. Segundo nossa área econômica:

>> No lado do consumo: muito ruído nas divulgações mensais. As vendas no varejo se beneficiando da desinflação e, da consequente melhora de desempenho da massa salarial e também do FGTS. No entanto, cenário é ainda de retomada bastante gradual.

O cenário político continua sendo fonte de ruídos, mas o pano de fundo se mostra fluido. A mídia continua focada na cobertura do que parece ser uma guerra aberta de versões entre delatores e delatados, no âmbito das investigações de corrupção no governo e no Congresso como um todo. Por ora, não há nada de fundamentalmente novo daquilo que já foi reportado e/ou divulgado oficialmente em delações premiadas já tornadas públicas.

No campo econômico, ventila-se que o governo trabalha em uma agenda positiva, que não dependa da aprovação do Congresso para ser colocada em prática. Muitas das medidas que estão sendo ventiladas não passam de "requentamento" de medidas já em estudo ou em tramitação.

No cenário externo, observamos sinais mais mistos em relação ao crescimento dos EUA e do mundo. Ainda vemos um ambiente relativamente construtivo para o crescimento global, mas não necessariamente em níveis muito mais robustos que os atuais. Neste estágio do ciclo econômico, é natural observarmos flutuações dos dados econômicos em torno da tendência.

Algum destaque pode ser dado para a divulgado da inflação (Core CPI) nos EUA, que apresentou em maio o terceiro mês consecutivo de surpresa baixista.

O cenário político na Europa atraiu alguma atenção, com as eleições na França confirmando o partido de Macron como principal vitorioso nesta nova ordem política francesa. No Reino Unido, as eleições parlamentares trouxeram ainda mais incerteza para um cenário que já era pouco trivial. A ausência de uma maioria absoluta para qualquer um dos partidos acaba trazendo uma pitada a mais de volatilidade dentro de um contexto onde o Brexit deverá ser o principal propulsor da economia de agora em diante.

Na China, os dados econômicos de maio mostraram uma economia relativamente estável. Vale a pena ressaltar, contudo, que a “velha China” continua perdendo espaço para a “nova China”. Os indicadores de investimentos e crédito apresentam arrefecimento, enquanto os indicadores de consumo mostram alguma estabilidade. Vale ressaltar, entretanto, que os sinais de crescimento estável de curto-prazo não podem ser confundidos com ausência de riscos.

Voltando aos EUA, o Fed anunciou um aumento de 25bps na taxa básica de juros, como era amplamente esperado. Ficamos com a impressão que o Fed foi mais hawkish, ou menos dovish, do que se poderia imaginar, especialmente vis-à-vis os dados recentes de inflação. Yellen deu um "downplay" na baixa inflação recente, além de mostrar confiança na retomada da economia.

Mais importante do que isso, o Fed sinalizou que a comunicação do processo de redução do balanço já está avançada, e o começo efetivo deste processo de redução propriamente dito pode ocorrer mais cedo do que tarde.

O mercado acabou interpretando isso como um sinal de que o próximo passo do Fed poderá ser o anúncio efetivo da redução do balanço, deixando a próxima alta de juros apenas para o final do ano.

Ainda nos parece bastante incerto como o mercado irá reagir a este processo de redução do balanço, dado o ineditismo do mesmo.

De forma geral, uma decisão esperada. Contudo, mantida as condições atuais, o Fed deverá dar continuidade ao processo de normalização monetária. Não é preciso que o crescimento avance muito mais, ou que a inflação acelere acentuadamente, para que este cronograma seja mantido. O Fed parece cada vez mais sensível ao mercado de trabalho, dado tudo o mais constante.

Alocação/Estratégia:

Diante das incertezas políticas locais movemos, na última semana de maio, todas as recomendações para neutro. Optamos por esperar uma clareza maior do cenário político antes de concluirmos com mais exatidão qual o cenário prospectivo para o país. Neste momento, julgamos ser extremamente prematura tentar tirar qualquer conclusão mais concreta. Assim, acreditamos que o mais prudente seja manter posições neutras.

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