Mantendo cautela a despeito dos sinais de estabilização.
A semana está se
encerrando com movimentos mais suaves dos ativos de risco, sem movimentos
relevantes ou tendências muito claras, pelo menos até o momento.
Mesmo com a aparente
estabilização dos ativos de risco ao longo da sexta-feira, ainda vejo sinais de
fragilidade, especialmente no tocante a dinâmica do petróleo. Como comentei
ontem, a dinâmica de curto-prazo no petróleo, após a acentuada queda recente e
nos atuais níveis, poderá continuar ditando a direção do humor global a risco.
A decisão do Fed na semana passada ainda reverbera no mercado, e assim deverá
permanecer nos próximos dias, semanas...quiçá meses e anos.
No tocante ao cenário
econômico, as prévias dos PMIs, especialmente na Europa e nos EUA, mostraram um
quadro de moderação do crescimento. Os atuais níveis ainda são considerados
saudáveis, condizentes com um crescimento razoável da economia global. A
moderação nos últimos meses é de certa forma esperada, dado a alta rápida e
acentuada verificada desde de fins de 2016. A partir de agora, contudo, o
mercado irá esmiuçar o “hard data” em
busca de sinais mais concretos de sustentação do crescimento. Caso isso não aconteça,
o mercado será obrigado a rever o cenário de “goldlocks” que vinha sendo regra nos últimos meses.
No Brasil, o IPCA-15
ficou levemente acima das expectativas, mas em um patamar ainda muito favorável
e com um qualitativo positivo. O número de hoje em nada deveria alterar a
política monetária do BCB. Segundo nossa área econômica:
>> O IPCA veio acima do esperado (+0,16% vs. BBG: 0,11%).
A nossa surpresa foi majoritariamente em administrados (combustíveis e energia
elétrica), enquanto a média dos núcleos ficou 2bps acima. O qualitativo segue
bom. Os indicadores de difusão (geral e de serviços) vieram em patamares bastante
baixos (após ajuste sazonal). A média dos núcleos dessaz ficou em 3,1%
anualizada (na média móvel trimestral dessaz). Serviços dessaz @ 4,4% (taxa
anualizada) e serviços subjacentes @ 3,6%. Aparentemente a inflação de serviços
subjacentes encontrou um certo piso para desaceleração (rigidez para baixo nos
preços de serviços).
Desde que a delação da
JBS veio a público, e após as últimas sinalizações do Fed, vimos um movimento
de sustentação do USDBRL e uma clara tendência de steepening da curva de juros. Acho que estes movimentos fazem
sentido e podem continuar no curto-prazo.
A curva local de juros
precifica quedas de 85bps, 50bps e 30bps nas próximas 3 reuniões do Copom, com
juros terminais em torno de 8,5%. Acredito que ainda haja espaço para o
fechamento das taxas curtas, especialmente porque existe um prêmio de risco
elevado (de altas de juros) ao longo de 2018, com a Selic atingindo novamente
10% no início de 2019.
De qualquer maneira,
mantenho postura neutra, com exposição as taxas curtas, porém protegido via
opções altistas de dólar e com compra de inflação implícita na parte
intermediária da curva.
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