Sinais de desaceleração na Ásia. Copom opta pelo conservadorismo.
A agenda econômica na Ásia trouxe os primeiros sinais um
pouco mais concretos de desaceleração da região. Após um começo de ano bastante
positivo, os investidores podem começar a questionar a sustentabilidade do
crescimento mais saudável apresentado no primeiro trimestre deste ano.
Na China, o Caixin Manufacturing PMI recuou de 50,3 para 49,6 pontos
em maio, abaixo do patamar de 50 pontos que determina se a economia está em
expansão ou em contração. Nos últimos meses e, em especial, nos últimos dias, o
PBoC promoveu um forte aperto das condições monetária no país, elevando as
taxas de juros de mercado de curto-prazo e ajudando a estabilizar o CNY. É natural
esperar que está postura traga alguma desaceleração para a economia, mas resta
saber qual a magnitude deste freio imposto pelo policy makers.
Na Coréia do Sul, as exportações de maio – um número considerado
importante para medir a saúde da economia global devido a elevada corrente de
comércio do país – apresentou queda sequencial em torno de 4,2% MoM dessaz,
saindo de mais de 20% YoY para 13,4% YoY. O número ainda se encontra em patamar
saudável, mas a desaceleração requer atenção especial.
Seguinte este fluxo de números, o Minério de Ferro apresentou mais uma
forte queda, em um sinal de que a demanda possa estar desacelerando em um
ambiente em que há uma entrada de ofertas previstas para os próximos meses/anos
com a entrada em vigor de novas plantas de projetos passados.
No Brasil, o Copom anunciou
na noite de ontem uma queda de 100bps na Taxa Selic, como era amplamente
esperado pelo mercado. Ao contrário do que eu imaginava (um comunicado em
aberto e flexível para as próximas decisões), o BCB optou por sinalizar
claramente a necessidade de cortes mais moderados nas próximas decisões
(75bps), mesmo sinalizando que a crise política possa ter como efeito um menor
crescimento. Neste cenário, a antecipação do corte de juros não é mais viável,
segundo o comunicado, e a taxa de juros terminal do ciclo deveria ser maior do
que a anteriormente prevista.
Na tarde de ontem, a curva
precificava queda de 100bps para esta reunião, 75bps e 50bps para as reuniões
subsequentes. Já existia uma prêmio de risco elevado (altas de juros) para o
ano de 2018. Acredito que a curva possa apresentar uma abertura de taxas hoje,
pelo técnico do mercado e pela sinalização, na minha visão, muito mais hawkish
por parte do BCB.
Ainda vejo um cenário cíclico
extremamente favorável a queda da Taxa Selic, com uma inflação desabando, uma
recuperação muito lenta e gradual do crescimento e uma taxa de câmbio estável. De
qualquer maneira, este BCB já deu inúmeras amostras de conservadorismo. Assim,
precisamos respeitar sua postura e sua sinalização.
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