Bancos centrais menos dovish / PGR apresenta denúncia contra Temer.

Os ativos de risco continuam mostrando certa estabilização, porém sem grandes tendências claras. As bolsas na Europa e nos EUA apresentam queda, as commodities sobem, o dólar opera em baixa, mas as taxas de juros no mundo desenvolvido apresentam abertura de taxas.
Destaque para a alta do EUR, que sobe 0,65% neste momento, após um discurso de Draghi esta manhã. Está ganhando corpo a interpretação de bancos centrais menos expansionistas de agora em diante, o que está ajudando o EUR essa manhã, e dando suporte as taxas de juros no mundo desenvolvido. Já tratei deste tema, em relação ao Fed, neste fórum nas últimas semanas. retornaremos ao tema sempre que necessário.
Nos EUA, o debate em torno do “Health Care” continua. Os sinais são de que a nova proposta apresentada dificilmente passará pelo Congresso, o que deverá manter a agenda legislativa ainda emperrada por algum tempo. Isso acaba atrasando, ou até inviabilizando, a agenda econômica de Trump. Segundo o DB:
The headlines were largely dominated by the finding that an additional 22 million Americans would be left without insurance in a decade under the proposal, compared to 23 million in the House plan that passed in May. The CBO also found that the bill would lower the deficit by $321bn over the same period which compares to a $119bn reduction under the House bill. Significantly, following the CBO findings 3 Republican senators announced that they would block the bill from advancing. As a reminder, Majority Leader Mitch McConnell can only afford a maximum of two dissenters. McConnell is still aiming for a vote on the measures before the July 4th recess so it’ll be worth keeping an eye on how things progress.
No Brasil, a PGR apresentou sua denuncia contra o presidente Michel Temer, por corrupção passiva. Ainda existe a expectativa de que Temer será denunciado por obstrução de justiça e formação de quadrilha.
A primeira vista, não há fatos novos na denuncia, mas existem trechos da gravação que foram recuperados e antes estavam inaudíveis.
A denúncia apresentada era esperada. Difícil ver a concretização do fato como vetor para alterar o cenário político local. Continuamos em uma zona cinzenta em que o governo só tem forças para lutar por sua sobrevivência. Como não existe consenso (e bom senso) para um nome novo, de coalizão, para assumir o cargo tampão até as eleições de 2018, também não é possível, neste momento, vislumbrar qualquer outro cenário que não seja com Temer enfraquecido no poder. O cenário é ruim, de fragilidade política, mas é o cenário possível e provável na ausência de fatos novos.
A ponta menos negativa desta equação é a manutenção de uma equipe econômica que, se não aprova reformas econômicas essenciais, também evita que coloquem em prática medidas populistas e heterodoxas, o que pode ser visto como positivo.
A recuperação da gravação de Temer mostrou uma passagem em que o presidente afirma que foi influenciado pelo delator a colocar Henrique Meirelles como Ministro da Fazenda. A fala pode enfraquecer um pouco Meirelles. Contudo, vale lembrar que não existe nenhuma acusação formal contra o Ministro. Meirelles é visto como um profissional competente, trabalhador e correto, em todas as suas passagens pelo setor público e privado. Até que provem o contrário, acho difícil que a crise política afete o Ministro. Caso Meirelles seja afetado, a situação já delicada poderá entrar em uma dinâmica tenebrosa. A equipe econômica é o último pilar de sustentação deste governo e do país.


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