Brasil: Que diferença uma boa comunicação do BCB faz...
O dia foi marcado pela
divulgação das Notas do Copom, referentes a reunião da semana passada, onde foi
decidido a queda de 100bps da Taxa Selic. Na semana passada, escrevi o seguinte
sobre a decisão:
Na minha humilde visão,
acredito que este BCB esteja fazendo um excelente trabalho na condução da
política monetária, mas sua comunicação, muitas vezes, peca pela excessiva
transparência. Como não estamos em um país desenvolvido, mas, muito pelo
contrário, em um país emergente, os 45 dias entre as reuniões do Comitê de
Política Monetária trazem inúmeras informações novas. Assim, o excesso de
sinalização pode acabar colocando o BCB em situação delicada, forçando-o a
promover mudanças de postura repentinas às vésperas das reuniões. Este BCB já
cometeu este erro no passado, se comprometendo com um ritmo de ajuste de juros,
e pode se ver em situação semelhante novamente. Em suma, o foward
guidance do livro texto, mesmo usado na melhor dos intensões aqui no
Brasil, talvez não seja a melhor postura a ser tomada.
No interim entre o comunicado da semana passada e as Notas de
hoje, observamos uma forte reação negativa dos ativos locais. A crise política
explica parte do movimento, mas a comunicação do BCB, na minha opinião, ajudou
a piorar o quadro.
O BCB parece ter compreendido que, talvez, sua comunicação não
tenha sido adequada, e procurou melhora-la nas Notas divulgadas hoje. Acredito
que ele tenha conseguido desfazer a sensação ruim que tinha ficado após a
reunião da semana passada.
Em termos gerais, o cenário base é que o Copom caia 75bps a Taxa
Selic na próxima reunião. Contudo, o BCB não está totalmente preso a este
cenário. A despeito da incerteza política, cujo efeito é ambíguo sobre o
cenário para política monetária, o pano de fundo cíclico da economia, com
inflação baixa e recuperação lenta do crescimento, ainda justificam a
manutenção de um ciclo de queda das taxas de juros. O BCB afirma, como é
esperado no atual estágio do ciclo, que é natural esperar quedas mais moderadas
de agora em diante. Na minha visão, falar em fim de ciclo e/ou em taxa terminal
de juros, neste momento, me parece prematuro.
Nos EUA, um fato não usual parece ter ocorrido, com uma forte
apreciação do JPY afetando o humor para os ativos de risco. Geralmente, a
correlação é inversa, ou seja, a piora do humor global nos ativos de risco
acaba afetando o JPY.
Os dados econômicos, com o JOLTs Job Openings atingindo o maior
patamar deste ciclo econômico, continuam mostrando um mercado de trabalho
robusto, mesmo que o qualitativo deste número não tenha sido tão positivo como
o “headline”.
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