Relatório Semanal de Asset Allocation:
No Brasil, a semana foi marcada pela decisão do Copom. O Copom
anunciou uma queda de 100bps na Taxa Selic, como era amplamente esperado pelo
mercado. Ao contrário do que se imaginava (um comunicado em aberto e flexível
para as próximas decisões), o Banco Central (BCB) optou por sinalizar
claramente a necessidade de cortes mais moderados nas próximas decisões
(75bps), mesmo sinalizando que a crise política possa ter como efeito um menor
crescimento do país. Neste cenário, a antecipação do corte de juros não é mais
viável, segundo o comunicado, e a taxa de juros terminal do ciclo deveria ser
maior do que a anteriormente prevista.
No dia imediatamente anterior a decisão, a curva precificava
queda de 100bps para esta reunião, 75bps e 50bps para as reuniões subsequentes.
Já existia um prêmio de risco elevado (altas de juros) para o ano de 2018.
Neste momento a curva precifica quedas em torno de 65bps, 35bps e 15bps para as
próximas 3 reuniões do Copom, mantendo prêmio de risco elevado para o ano de
2018 (altas de juros precificadas).
Ainda vemos um cenário cíclico extremamente favorável a queda da
Taxa Selic, com uma inflação desabando, uma recuperação muito lenta e gradual
do crescimento e uma taxa de câmbio estável. De qualquer maneira, este BCB já
deu inúmeras amostras de conservadorismo. Assim, precisamos respeitar sua
postura e sua sinalização.
No cenário externo, o destaque ficou por conta dos dados de
emprego nos EUA. O número mostrou uma desaceleração da criação mensal de vagas,
mais uma queda na taxa de desemprego (totalmente explicada pela queda da taxa
de participação) e uma alta gradual do rendimento nominal das horas trabalhadas
(Average Hourly Earnings).
O mercado reagiu com mais um movimento de queda do dólar no
mundo, sustentada pelo fechamento de taxas nos EUA. Os principais índices de
bolsa do país apresentaram alta, atingindo novos picos históricos.
O número do mês de maio mostra uma economia saudável, e em nada
altera o cenário para uma alta de 25bps por parte do Banco Central dos EUA
(Fed) na reunião do FOMC deste mês. Achamos natural, no atual nível de emprego,
que haja uma desaceleração na criação mensal de vagas de trabalho. Assim como
vemos com naturalidade alguma moderação nos indicadores de confiança. A
aparente ausência de pressões de salários indica que ainda possa haver algum
espaço no hiato do produto. De qualquer maneira, vemos a economia muito próxima
do pleno emprego, e acreditamos que uma alta na inflação, mesmo que gradual, é
apenas uma questão de tempo.
A está altura do ciclo econômico parece evidente que os mercados
financeiros globais continuarão a ver este ambiente de crescimento saudável,
com uma criação ainda positiva de emprego, e sem pressões inflacionárias
aparentes, como um ambiente propício aos ativos de risco em geral. Este cenário
ficou conhecido, no termo em inglês, como “Goldilocks”.
Vale lembrar, contudo, que desde a última alta de juros
promovida pelo Fed houve um forte afrouxamento das condições financeiras nos
EUA. Persistindo este ambiente, e levando em conta as indicações de membros do
Fed, é natural esperar que o processo de normalização monetária seja ainda mais
rápido do que o imaginado anteriormente. Isto não significa, contudo, que o
processo precise causar rupturas. O mercado hoje precifica 2 altas de juros de
25bps apenas em outubro de 2018 e menos de 2,5 altas de 25bps até o final de
2019 (a partir de hoje). Na ausência de algum choque econômico, e mesmo diante
de uma inflação controlada, este cenário me parece excessivamente pessimista.
Na China, o ISM Manufacturing de junho apresentou moderação,
indicando que a economia, talvez, tenha feito um pico de crescimento no
curto-prazo. Ainda parece cedo para temer um cenário mais negativo no país, mas
alguma moderação do crescimento pode ser esperada para os próximos meses.
Alocação/Estratégia:
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