Relatório Mensal de Asset Allocation:
O mês foi marcado pela eclosão de mais uma crise política no
Brasil, após a delação premiada de um dos maiores grupos empresariais do país
(e do mundo) vir à tona, envolvendo importantes membros do Governo e da base aliada.
O impacto imediato da crise ficou por conta do adiamento, ou
atraso, das reformas econômicas que vinham tramitando no Congresso. Ainda é
cedo para termos uma visão mais clara se as reformas terão condições de serem
aprovadas, ou não.
A despeito da atual crise política no Brasil, não alteramos de
forma significativa a nossa visão para os fundamentos do país, pelo menos no
curto-prazo.
Existe, neste momento (e, aqui, precisamos frisar o caráter
temporário desta interpretação, já que os eventos têm atropelado qualquer
conclusão mais concreta), a visão de que Temer não irá renunciar, e que o
impeachment também parece ser um caminho difícil, já que Rodrigo Maia, um
grande aliado do Presidente, precisaria acatar um dos pedidos em suas mãos (o
que parece improvável no curto-prazo). Assim, o peso de uma eventual decisão de
dar fim a esse governo recairá sobre o julgamento da Chapa Dilma-Temer no TSE,
agendado para ter início no próximo dia 6.
Muitos já veem a condenação da Chapa Dilma-Temer como uma saída
politicamente honrosa para Temer e menos traumática para o país. A mídia tem
reportado que conversas de bastidores já estariam adiantadas com o
intuito de alinhar um nome de consenso, de bom senso e com caráter reformista
para conduzir o país até as eleições de 2018.
Os ativos locais vêm reagindo de forma positiva aos sinais
emitidos pelo Congresso nos últimos dias.
Estamos longe de superar esta crise, mas se o Congresso decidir
manter um caráter reformista a este governo – que agora classificamos como um
governo “tampão” – será um grande alívio para a sociedade, para a economia e,
consequentemente, para os mercados.
Por enquanto a situação do Presidente continua delicadíssima,
mas começam a surgir cenários possíveis para o futuro do país no curto-prazo e,
muitos deles, menos negativos do que se previa num primeiro momento. A
permanência do Presidente já não necessariamente vislumbra a não aprovação das
reformas (dados os sinais do Congresso). As eleição indireta, dada a postura do
Congresso, tende a eleger alguém de consenso, de bom senso e reformista.
Eleições diretas, como vem sendo o clamor da esquerda, parecem cada vez mais
difíceis de serem colocadas em prática.
Vale reforçar: A situação ainda é delicada, estamos longe de
superar esta crise, mas as soluções possíveis começam a ganhar contornos e,
muitas delas, não são uma catástrofe para o país, como se imaginou em um
primeiro momento.
Achamos importante chamar a atenção para a posição técnica do
mercado. Desde o início desta crise política, os fundos locais reduziram
substancialmente suas posições em DI (Prefixado), Dólar e Ibovespa (segundo
dados da BM&F), enquanto os estrangeiros tomaram a outra ponta, comprando
ativos brasileiros. A posteriori, fica claro que a posição técnica estava muito
ruim e concentrada. Os últimos dias parecem ter levado a um quadro muito mais
saudável para os ativos locais.
Os fundamentos mais robustos do país (se comparado a outras
crises agudas já vividas), com o inflação baixa e contas externas saudáveis
devem ajudar o país a atravessar o atual momento de maneira mais suave do que
no passado.
Isso não significa que a situação esteja resolvida, ou que
períodos de instabilidade dos mercados financeiros locais não acontecerão, mas
dá alguma tranquilidade para que uma solução seja encontrada para o impasse
político atual.
Alocação/Estratégia:
Após os eventos recentes, estamos mantendo recomendações neutras
para as principais classes de ativos locais.
Fundo Icatu Vanguarda
Macro Fundo de Investimento Multimercado:
Mantivemos posições aplicadas na curva local de juros,
administrando apenas os instrumentos e seus tamanhos. Vemos um cenário
extremamente positivo para a inflação, com o IPCA abaixo da meta em 2017 e em
2018. O mercado de trabalho deverá continuar em uma trajetória de deterioração
nos próximos meses. A despeito de vermos um cenário de recuperação do
crescimento, ela deverá ser lenta e gradual. Assim, o hiato do produto no país
deverá permanecer elevado, favorecendo um processo de corte da Taxa Selic.
Mantivemos uma posição tomada nas taxas de juros dos EUA,
visando a manutenção de uma tendência de abertura de taxas de juros.
Trabalhamos com um cenário de recuperação do crescimento, com o mercado de
trabalho no pleno emprego e um hiato do produto praticamente fechado. Neste
ambiente, a inflação deve apresentar um processo gradual de elevação.
Acreditamos que este pano de fundo justifica taxas de juros mais elevadas no
país.
Mantivemos postura tática no mercado local de câmbio. Neste
momento, estamos utilizando estruturas de opção, com perdas limitadas, com
intuito de proteger o portfólio de eventuais deteriorações adicionais do
cenário local.
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