"Risk-on"! Sazonalidade ajudando...

Fed (EUA), ECB (Europa), BoC (Canadá), BoE (Inglaterra)...”and counting”.

Os bancos centrais das principais economias do mundo continuam sinalizando para uma mudança clara de postura. Hoje foi a vez do BoE, na Inglaterra, alertar para a eventual necessidade de normalização monetária no país.

Um membro do ECB tentou minimizar a fala de Draghi ontem, mostrando certo desconforto por parte da instituição no tocante a abertura das taxas de juros e alta do EUR. Fico bastante intrigado com esta postura. Como um movimento relativamente tímido para um cenário mais amplo (alta de 15bps nas taxas de juros e 1,3% no EUR) pode gerar, de maneira tão rápida, uma resposta/reação por parte do ECB? Fica claro o receio da instituição em evitar movimentos acentuados, o que acaba colaborando para a compressão global das volatilidades. Este cenário vem sendo regra há alguns meses (talvez anos), mas é insustentável a longo-prazo. O timing para a mudança de dinâmica é impreciso, e se posicionar para isso é bastante difícil.

O dia foi marcado por um movimento mais coordenado de “risk-on”. Membros do ECB, na Europa, tentaram aliviar um pouco o discurso de Draghi realizado ontem, o que ajudou a acalmar o mercado global de taxas de juros. Consequentemente, vimos um bom desempenho dos ativos mais sensíveis as taxas de juros. Os estoques de petróleo vieram menos ruins do que o imaginado, o que ajudou a estabilizar o preço da commodity. De maneira geral, os eventos de hoje ajudaram a estabilizar o humor global a risco.

Vale a pena ressaltar que estamos próximos de um final de mês, final de trimestre e final de semestre. Neste período, fluxos pontuais acabam, mesmo que temporariamente, distorcendo alguns preços, e tornando alguns movimentos pontualmente mais acentuados.

Acredito que o tema de menor liquidez global continuará ditando a dinâmica dos ativos de risco nos próximos dias, semanas e meses. Como escrevi ontem:

Dei (e continuo dando), bastante peso a sinalização do Fed, que agora foi reforçada pelo ECB, dois dos principais bancos centrais do mundo, cuja política monetária foi propulsora da expansão dos balanços, da liquidez global e do afrouxamento das condições financeiras.

Por isso, tenho adotado postura mais cautelosa no curto-prazo. Os eventos recentes apenas reforçam minha visão. Por ora, estou vendo este momento de realização/acomodação como um evento normal diante de preços “esticados”, posição técnica comprometida e cenário menos óbvio. Contudo, precisaremos acompanhar no detalhe o efeito concreto que a mudança de postura por parte dos bancos centrais terá para o desempenho estrutural dos ativos de risco como todo.


Na ausência de novidades bombásticas no Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. 

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