Brazil: Lower Growth, Lower Inflation and Higher Rates!?

O dia hoje foi marcado pela repercussão da decisão do Copom na noite de ontem, e pela divulgação do PIB do primeiro trimestre do ano.

Em relação ao Copom, comentei hoje cedo que: Na tarde de ontem, a curva precificava queda de 100bps para esta reunião, 75bps e 50bps para as reuniões subsequentes. Já existia um prêmio de risco elevado (altas de juros) para o ano de 2018. Acredito que a curva possa apresentar uma abertura de taxas hoje, pelo técnico do mercado e pela sinalização, na minha visão, muito mais hawkish por parte do BCB do que o mercado esperava.  Ainda vejo um cenário cíclico extremamente favorável a queda da Taxa Selic, com uma inflação desabando, uma recuperação muito lenta e gradual do crescimento, e uma taxa de câmbio estável. De qualquer maneira, este BCB já deu inúmeras amostras de conservadorismo. Assim, precisamos respeitar sua postura e sua sinalização.
O mercado de juros apresentou forte abertura de taxas, com altas em torno de 15bps a 20bps entre os vértices de Jan19 ao Jan23. O mercado está passando por mais um processo de digestão da comunicação do Copom, em um pano de fundo técnico ainda frágil.

Na minha humilde visão, acredito que este BCB esteja fazendo um excelente trabalho na condução da política monetária, mas sua comunicação, muitas vezes, peca pela excessiva transparência. Como não estamos em um país desenvolvido, mas, muito pelo contrário, em um país emergente, os 45 dias entre as reuniões do Comitê de Política Monetária trazem inúmeras informações novas. Assim, o excesso de sinalização pode acabar colocando o BCB em situação delicada, forçando-o a promover mudanças de postura repentinas às vésperas das reuniões. Este BCB já cometeu este erro no passado, se comprometendo com um ritmo de ajuste de juros, e pode se ver em situação semelhante novamente. Em suma, o foward guidance do livro texto, mesmo usado na melhor dos intensões aqui no Brasil, talvez não seja a melhor postura a ser tomada.

Em meio a este debate, o PIB do primeiro trimestre divulgado hoje só não foi pior pelo enganoso “headline” de alta de 1% no trimestre. O PIB foi inteiramente sustentado pela pontual alta em Agricultura, Estoques e pelo Setor Externo. O Consumo Doméstico e os investimentos seguem fracos e em queda. O número de hoje levou diversos economistas a revisarem para baixo o PIB de 2017. É provável que tenhamos um crescimento próximo a ZERO e, talvez, uma nova contração da economia este ano.

Bom, não precisamos ir muito longe para imaginar o efeito extremamente danoso que uma economia que não cresce, com juros elevados, e um aumento da dívida/PIB pode causar sobre o preço dos ativos locais.

Ah, até agora observávamos um ambiente externo favorável, com crescimento global robusto e condições financeiras frouxas. Nos últimos dias, verificamos sinais de desaceleração da Ásia (vide comentários de hoje pela manhã) e a possibilidade de juros mais elevados nos EUA, com as amostras de um mercado de trabalho robusto, hiato do produto fechado e pleno emprego.


Mas calma...ainda não estou extremamente negativo, apenas um pouco menos confortável. Já havia reduzido drasticamente a exposição a Brasil nos instrumentos líquidos. Acho que o momento requer cautela. Tudo tem seu tempo e seu preço ideal. Ainda vejo valor na curva curta de juros, mas talvez o mercado apresente oportunidade de alocação a preços ainda mais atrativos nos próximos dias.

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