Relatório Semanal de Asset Allocation:

A semana foi marcada, no campo político, pela decisão do TSE em não cassar a chapa presidencial vencedora das eleições de 2014. No cenário econômico, o IPCA de maio voltou a apresentar um quadro extremamente favorável à inflação no país.

A inflação apresentou alta de 0,31% m/m e 3,60% a/a, muito abaixo das expectativas de 0,47%m/m e 3,76% a/a. Nossa área econômica classificou o número da seguinte maneira:

O qualitativo do IPCA veio favorável, com a inflação de serviços (e a subjacente de serviços) abaixo das mínimas históricas (desde 2001). A inflação de serviços subjacentes dessaz ficou em apenas 3,1% na média móvel trimestral anualizada, enquanto serviços como todo em 5,9%. Na ponta dessaz, serviços ficaram em 4,7%. A média móvel trimestral da média dos núcleos ficou em 3,3% (taxa anualizada). A difusão dessaz de serviços rodou em patamar bastante baixo. Em suma, o cenário de desinflação prossegue e vemos um IPCA agora mais próximo de 3,25% para o ano.

O IPCA de maio mantém viva a chance de um corte de 100bps na próxima reunião do Copom. No mínimo, o número de maio, aliado ao cenário de recuperação lenta do crescimento, pressupõe a continuidade do ciclo de queda de juros nas próximas reuniões do Copom.

Em sinalizações recentes na mídia, e em reuniões com o mercado, membros do BCB sinalizaram que não estão presos a um cenário específico de corte na próxima reunião do Copom, mas que veem um ambiente cíclico ainda propício à continuidade de queda da Taxa Selic.

No cenário político, como era amplamente esperado, o TSE manteve o mandato de Michel Temer. O processo no TSE era apenas o primeiro passo de um longo e tortuoso caminho para este governo buscar uma reafirmação. A solução para os problemas políticos enfrentados por Temer e cia está longe de ser encontrada, mas retirar o TSE do caminho é um passo importante nesta caminhada.

A mídia agora volta as suas atenções para a possível abertura de inquérito sobre as possíveis atitudes não republicanas de Temer, segundo as acusações da PGR. O governo terá que se articular no Congresso, em busca de apoio para a sobrevivência, já que a abertura do inquérito depende de maioria na Câmara dos Deputados.

Enquanto o inquérito não é aberto, a mídia continua trazendo à tona possíveis novas evidências contra o atual presidente e o seu entorno. Além disso, o fantasma de novas delações premiadas - que poderiam incriminar ainda mais o núcleo duro do governo - estão circulando diariamente.

Neste ambiente, Temer precisa concentrar seus esforços em sua defesa, deixando os interesses do país um pouco de lado. Este trabalho, contudo, está sendo exercido pela equipe econômica, capitaneada por Henrique Meirelles, como uma espécie de primeiro ministro informal.

A equipe econômica continua apresentando credencias que são bem vistas pelo mercado. A Reforma da Previdência é um passo essencial para colocar o país de volta na rota da recuperação econômica, mas outras medidas periféricas continuam avançando.

No cenário externo, continuamos a ver um pano de fundo de crescimento saudável, inflação controlada e condições financeiras frouxas. O ambiente aparenta ser positivo, mas os níveis de preço, volatilidade e a dinâmica do mercado nos últimos dias requer um grau de atenção elevado, principalmente por estarmos às vésperas do verão no hemisfério norte, período sazonalmente marcado por uma liquidez mais baixa.

Alocação/Estratégia:

Diante das incertezas políticas locais na última semana de maio movemos todas as recomendações para neutro. Optamos por esperar uma clareza maior do cenário político antes de concluirmos com mais exatidão qual o cenário prospectivo para o país. Neste momento, julgamos ser extremamente prematura tentar tirar qualquer conclusão mais concreta. Assim, acreditamos que o mais prudente seja manter posições mais neutras.

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