Semana traz riscos que precisam se monitorados.

Os ativos de risco estão abrindo a semana sem tendência definida. As bolsas dos EUA e da Europa apresentam queda, mas as taxas de juros nos EUA abrem e o dólar opera sem tendência definida. O mesmo vale para as commodities.
Nos EUA, cresce o debate na mídia e nos relatórios de sell-side em torno de uma possível correção de preços em alguns setores específicos do mercado, como Tech. Os argumentos estão centrados em um cenário de valuations esticados e expectativas não realistas de crescimento de lucros.
Na Europa, problemas no setor financeiros voltaram a afetar a Espanha, após o sexto maior banco do país ser obrigado a sofrer intervenção. O JMP comenta sobre o tema:
  • While the market’s view of POPSM was that of a fairly idiosyncratic situation, mainly as a result of unresolved legacy issues, we think it was a complete surprised for everyone how quickly everything unfold with the ECB promptly declaring PoNV and putting the bank under resolution. We were baffled by one of the shortest sell-off we can remember, in particular in the context of the resolution of the sixth largest bank in the country and the de-facto write-off of all subordinated debt (€2bn). However, the market attention has now shifted towards other small Spanish banks where coverage ratios look vulnerable. We highlight banks such as Liberbank, Cajamar and Ibercaja where some Tier 2 bonds dropped more than 10pts over the last few sessions. We think there is an element of “missed opportunity” after some investors reflect on pretty impressive short trades over the last few months; namely POPSM subordinated debt and Vicen & Venban capital structure. Having said that, we do think there could be some substance with banks such as Liberbank potentially having to strength its balance sheet further. Conversely, we think Cajamar and, in particular, Ibercaja are stronger institutions where the market could be overreacting.
  • We have run two distinct scenarios where a very conservative approach adjusts coverage ratios in line with those of POPSM. An alternative scenario, and arguably more realistic, calculates provision shortfall as a function of peers’ coverage ratios. We look at the results of our analysis in the context of reported Total Capital ratios and the 2017 SREP. We think the impact for Liberbank could be close to 400bps or very close to the current market capitalisation on an absolute basis. This may spell some question marks over the equity market access of the institution, in our view. However, with a pretty concentrated ownership structure (five investors owned approximately two-thirds of all ordinary shares), equity market access is a function of the underlying financial flexibility of these shareholders. We think there could be some negative momentum on valuation if the bank doesn’t take decisive action to dispel concerns around the book value of troubled assets, in particular if market concerns are magnified in the press.
  • Conversely, the capital position of Cajamar and, in particular, Ibercaja is more solid with enough capital to absorb potential losses while still being 2017 SREP compliant, in our view. We think the market has overreacted and while negative monument could last some time, we think this could ultimately prove an attractive entry point. We must emphasize that our analysis is simplistic in the sense of emphasizing the low coverage ratios of problematic assets and there may be additional losses in other lines in the balance sheet.
Reforço meu comentário de sexta-feira: Continuo vendo um cenário relativamente construtivo para a economia global, que vem sendo erradamente expressado (até o momento) via juros tomados nos EUA. Nos atuais níveis de preço, existem hedges extremamente baratos para serem incorporados ao portfólio. Elencaria Puts de S&P e Puts de Tsy como dois exemplos disso. Acho prudente ter proteções como essa para a próxima semana.

Mantenho um viés positivo para a parte curta da curva de juros local, mas trocando risco do mercado futuro para opções ao longo da sexta-feira (muito por risco/retorno e pelos riscos desta semana). Continuo gostando de hedges, via estruturas de opção de dólar, e na inflação implícita na parte intermediária da curva.

No Brasil, os jornais de hoje estão reportando que o PSDB deverá continuar em cima do muro e não irá decidir sobre saída (ou não) do governo na reunião agendada para hoje. O Governo mira agora seus esforços para a possível denuncia de Janot e uma nova batalha no Congresso para frear a investigação. Além disso, a mídia dá conta, desde o final de semana, de medidas que possam ser anunciadas visando estimular o emprego, a renda e o crescimento.
Como era amplamente esperado, o TSE manteve o mandato de Michel Temer. O processo no TSE era apenas o primeiro passo em um longo e tortuoso caminho para este governo buscar uma reafirmação. A solução para os problemas políticos enfrentados por Temer e Cia está longe de ser encontrada, mas retirar o TSE do caminho é um passo importante nesta caminhada.
A mídia agora volta as suas atenções para a possível abertura de inquérito sobre as possíveis atitudes não republicanas de Temer, segundo as acusações da PGR. O governo terá que se articular no Congresso, em busca de apoio para a sobrevivência, já que a abertura do inquérito depende de maioria na Câmara dos Deputados.
Enquanto o inquérito não é aberto, a mídia continua trazendo a tona possíveis novas evidências contra o atual presidente e o seu entorno. Além disso, o fantasma de novas delações premiadas, que poderiam incriminar ainda mais o núcleo duro do governo, estão circulando na mídia diariamente.
Neste ambiente, Temer precisa concentrar seus esforços em sua defesa, deixando os interesses do país um pouco de lado. Este trabalho, contudo, está sendo exercido pela equipe econômica, capitaneada por Henrique Meirelles, como uma espécie de primeiro ministro informal.
Esta equipe econômica continua apresentando credencias que são bem vistas pelo mercado. A Reforma da Previdência é um passo essencial para colocar o país de volta na rota da recuperação econômica, mas outras medidas periféricas continuam avançando.
Neste sábado, os jornais estão reportando que o governo buscará uma nova rodada de agenda positiva, focada no busca pelo emprego, o consumo e o crescimento. Não há detalhes sobre o caráter destas medidas.
De maneira geral, o cenário político continua incerto e nebuloso, mas me parece difícil fazer um “case” muito otimista ou muito pessimista no momento. O cenário externo terá um peso importante sobre a dinâmica dos ativos locais nos próximos dias. O mercado de juros local me parece mais defendido pela ancora da política monetária e de um quadro cíclico extremamente favorável à queda das taxas de juros. As incertezas sobre o crescimento e as reformas estruturantes continuam deixando o cenário para o câmbio e a bolsa um pouco mais incerto.




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