"Goldilocks" is back!
A narrativa do dia seguiu, grosso
modo, o roteiro que descrevi hoje cedo. O ECB manteve a política monetária
estável, mas alterou o comunicado para mostrar um pano de fundo mais balanceado
para o crescimento, como era amplamente esperado. A área técnica do Banco
apresentou revisões altistas para o PIB, porém baixistas para a inflação até
2019, mas dentro de uma expectativa que já vinha sendo ventilada no mercado.
Os ativos de risco pouco reagiram à
decisão. Vimos alguma pressão no EUR, mas em um movimento natural de correção.
Existia um risco de o ECB ser mais duro em seu discurso, o que acabou não
ocorrendo.
De maneira geral, a decisão confirma
que a liquidez global deverá continuar ampla, com movimentos apenas graduais
por parte dos principais bancos centrais no mundo, como Fed, ECB e BoJ. Em um
ambiente de crescimento estável e inflação contida, a liquidez ainda ampla,
mesmo que caminhando em direção mais restritiva, ainda dá conforto aos
investidores na busca por ativos de risco de uma forma geral.
Eu vejo um risco da curva de juros
dos EUA estar precificando um cenário excessivamente dovish vis-à-vis o mercado de trabalho próximo ao pleno emprego. O Jobless
Claims divulgado hoje voltou a mostrar um quadro de robustez do emprego no
país.
De qualquer maneira, não vejo
cenários claros de ruptura, porém de ajustes pontuais, que podem ser feitos
pelo Fed ao longo do processo. A alta de juros em março, inesperada até poucos
dias antes da reunião do FOMC, foi um exemplo disso. Além disso, existem
instrumentos de hedge para cenários
de reprecificação da curva de juros dos EUA, cujas volatilidades implícitas
estão historicamente baixas, ou seja, existem instrumentos baratos para se
alocar hedges nesta direção. O movimento
recente dos ativos de risco mostra que a preocupação neste sentido deverá
ocorrer se, e apenas, quando a inflação der sinais de vida.
Saindo do cenário dos bancos
centrais, os números mais positivos de crescimento global mas, principalmente,
os bons números de importação e exportação da China, também dão um alento para
o cenário de “goldilocks” que está
prevalecendo. Reforço que riscos existem e devem ser monitorados. Com as vols
baixas, existem inúmeros hedges baratos para se proteger de eventos
inesperados. Todavia, por ora, o cenário base continua a ser relativamente
construtivo para ativos de risco e carry,
o que favorece os ativos EM e, até mesmo, os ativos no Brasil.
No Brasil, “segue o jogo” do TSE.
Vejo um mercado bastante dividido e incerto quanto ao melhor cenário político
daqui para frente. Na minha opinião, a incerteza é o pior dos cenários. Assim,
quanto antes os problemas forem superados, melhor. Se o TSE retirar Temer,
seria um longo processo de embate jurídico. Se Temer ficar, deverá se defender
da PGR e do STF, mas tem um apoio político ainda relativamente sólido.
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