Update

A possibilidade de um “não acordo” entre a Grécia e seus credores voltou a rondar o mercado nesta quarta-feira, com uma contra proposta da Troika não sendo bem aceita pelos gregos (já que a proposta grega foi vista como insuficiente pela Troika). Acredito que exista disposição política em um acerto, e que este tipo de negociação faz parte do processo. De qualquer maneira, estamos diante, mais uma vez, do aumento da probabilidade de um erro de percurso. Ainda vejo um acordo como cenário base, mas faz sentido os ativos de risco ficarem mais sensíveis ao tema até que uma solução seja anunciada. Do ponto de visto grego, a ausência de solução hoje seria mais custosa do que a alguns meses atrás. O governo já roda com déficit fiscal primário. Sem uma ajuda financeira, ficaria sem recursos para honrar o funcionalismo público e os aposentados, o que levaria uma situação politicamente insustentável.

Ainda vejo um cenário pouco propício para a tomada de risco, com elevadas incertezas no cenário. Continuo gostando de manter uma posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas com uma visão estrutural, mas de tamanho moderado no atual momento. Gosto das bolsas da Europa estruturalmente, mas faz sentido trabalhar com hedges para um possível “evento de cauda” (equities puts ou puts/spreads).

Brasil – O Relatório de Inflação manteve o mesmo tom dos últimos documentos do BCB, ou seja, passou uma mensagem de total comprometimento com a meta de inflação. As projeções para o final de 2016 continuam acima do centro da meta, o que pressupõe que novas altas de juros ainda são necessárias.

No tocante a atividade econômica, continuam se acumulando evidencias de uma forte desaceleração do crescimento. O Índice de Confiança da Industria apresentou queda de 4,7% em junho, atingindo o menor patamar da série.

Observamos um dia de leve alta do dólar e bear flattening da curva de juros, movimento que faz total sentindo em um pano de fundo de banco central elevando os juros mas com perspectivas pífias de crescimento. A curva precifica altas de 45bps+23bps+10bps nas próximas reuniões do Copom. O Jan21/Jan17 está em -130bps, próximo ao piso recente.  Acredito que estamos cada vez mais próximos do fim deste ciclo de alta de juros, mas tenho dúvidas em relação ao exato patamar que a Selic irá atingir. Gosto de ter posições aplicadas na parte mais longa da curva, porém com viés ainda tático, com tamanho mais moderado e stops mais curtos.

No BRL, as vols implícitas apresentaram uma relevante queda nos últimos dias, saindo de em torno de 20% para em torno de 15%. A sazonalidade deste período do ano, aliado a um cenário externo menos comprometedor, parecem estar liderando este movimento. Estamos diante de uma “queda de braço” para esta classe de ativo no curto-prazo. De um lado, um carrego a cada dia mais elevado, a melhora das contas externas e um cenário externo mais tranquilo, favorecendo fluxos positivos para o país. De outro lado, fundamentos econômicos ruins e, na margem, até mesmo em dinâmica de piora. Acredito que o carrego e os fluxos são capazes de afetar os preços no curto-prazo, mas os fundamentos tendem a ser mais fortes estruturalmente. Assim, ainda vejo um movimento de depreciação cambial a longo-prazo. Faz sentido se aproveitar da queda nas vols para montar posições via opção nesta direção.


EUA – O PIB do 1Q foi revisado de -0,7% QoQ anualizado para -0,2%, dentro das expectativas do mercado. O cenário para o crescimento norte americano segue estável, ainda inconclusivo para o mercado ter maior convicção em relação ao timing para o começo do processo de alta de juros no país.

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