Grécia e Copom em Foco
O sell-off dos bonds nos países desenvolvidos foi freado, por hora, pelos ruídos
em torno das negociações entre a Grécia e seus credores. O dia foi marcado por
um movimento generalizado de “risk-off”,
ou seja, quedas nas bolsas e no complexo de commodities, fechamento de taxas de
juros e dólar forte.
A agenda
de sexta-feira será agitada, com destaque absoluto para os dados de emprego nos
EUA.
Grécia - O news
flow foi mais negativo ao longo do dia, onde foi ventilado que a Grécia
pediu um adiamento do pagamento a ser feito para o FMI nesta sexta-feira, um
procedimento não usual, porém dentro das regras do empréstimo. As negociações estão
aparentemente empacadas. A proposta apresentada pela Troika aos gregos foi
vista com excessivamente agressiva e uma nova rodada de negociações está em
andamento. Ainda devemos ter incerteza e volatilidade vinda desta frente.
Acredito que um acordo intermediário será atingido, mas não descarto rodadas de
“risk-off” pontuais antes que uma
acordo seja selado.
EUA – O Jobless Claims saiu de 284k para
276k, mantendo-se nos níveis mais baixos em cerca de 15 anos. O número aponta
para um mercado de trabalho ainda robusto, o que cria uma expectativa ainda
maior para os dados de emprego a serem divulgados amanhã.
Brasil – O Copom elevou a taxa Selic em 50bps,
como era amplamente esperado. Contudo, o Comitê manteve o comunicado após a
decisão inalterado em relação as últimos reuniões. Assim, é natural esperar que
o mercado precifique a continuidade do ciclo de alta de juros, na mesma
intensidade das altas recentes, nas próximas reuniões do Copom. A Ata e o
Relatório de Inflação serão momentos oportunos para o BCB dar uma visão mais
detalhada de como está vendo o cenário. Enquanto isso, podemos esperar uma
abertura das taxas curtas quando o mercado reabrir amanhã, e mais um movimento
de flattening da curva. O BRL pode
continuar mostrando um desempenho relativo melhor do que os seus pares, suportado
por fluxos mais positivos no curto-prazo, devido a abertura da janela de
captações externas, e por um BCB percebido como mais hawkish. Continuo gostando de manter uma posição comprada em dólar
mas, por hora, menor do que no passado recente.
Tem sido
bastante difícil acertar o momento ideal do fim deste ciclo de alta de juros.
Assim, se mostra prudente esperar um sinal mais claro por parte do BCB antes de
ter uma alocação mais relevante na parte curta da curva local de juros.
Enquanto isso, faz sentido buscar retorno nos vértices mais longos da curva,
que ficam um pouco menos susceptíveis as reações de política monetária de
curto-prazo. Amanhã, um dia após o Copom, caso vejamos mais uma rodada de
abertura de taxas, como espero, pode ser o timing ideal para elevar a alocação
na parte mais longa da curva (Jan18, por exemplo). Se houver uma reação
exagerada por parte do mercado, vértices mais curtos podem se mostrar atrativos
novamente, como Jan17. Um risco que precisa ser monitorado, contudo, fica por
parte da abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos.
China – As bolsas do país tiveram um dia
elevada volatilidade intraday. O
governo vem seguindo o seu programa de liberalização do mercado financeiro e
abertura de sua conta de capital. Por um lado, vejo a redução dos riscos
estruturais no curto-prazo, devido a uma postura mais proativa e agressiva dos policy makers na condução da política
monetária do país e no programa de swaps dos LGFV. Por outro lado, contudo, a
alta rápida e acentuada das bolsas pode vir a causar riscos a estabilidade
financeira do país em algum momento do tempo. O movimento tem características
parecida com movimentos históricos de “bolha”, mas é sempre difícil acertar o timing de seu estouro e se, realmente,
estamos diante de uma “bolha”.
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