Menor exposição a risco...

Com os sinais emitidos pelo FOMC sendo lidos como mais dovish pelo mercado, estamos observando a continuidade de um movimento de dólar fraco, commodities em alta e fechamento de taxa de juros nos EUA. Na Europa, sem nenhum tipo de avanço nas negociações entre a Grécia e seus credores, as bolsas da região seguem um movimento de queda, que vêm sendo a regra ao longo de toda a semana. Como tenho insistido nos últimos dias, minha convicção em torno de um acordo está abalada. Ainda vejo a possibilidade de uma solução intermediária, no último minuto de todos os prazos previstos. Contudo, a retórica de ambos os lados piorou consideravelmente nos últimos dias. Acredito que, sem um acordo, os mercados deveriam apresentar piora dia-após-dia, até que uma solução seja encontrada. Este processo de deterioração pode acabar sendo ordenado, como tem sido até o momento com a queda das bolsas na Europa, mas um período maior de contágio não pode ser descartado na eventualidade de um default por parte dos gregos.

Na agenda do dia, destaque para o Core CPI e Jobless Claims nos EUA. Um número de inflação mais elevado pode inverter a percepção do mercado em relação ao FOMC, enquanto um número mais fraco pode acabar dando ímpeto aos movimentos verificados desde ontem a tarde.

No Brasil, O TCU deu 30 dias para o governo, leia-se, Dilma, explicarem as manobras fiscais efetuadas em seu primeiro mandato, o que deve causar um desconforto razoável no governo, apesar de trazer pouco impacto relevante aos mercados. O debate em torno do fim das desonerações continua, com o Congresso ainda fazendo um “jogo duro” para a aprovação da matéria. Finalmente, a mídia continua ventilando a possibilidade de um rebaixamento da nota de crédito do país, especialmente em um cenário onde já se discute a revisão da meta de superávit primeiro para este e para os próximos anos. Pelos sinais emitidos na mídia, a arrecadação de maio ficou muito aquém do previsto, colocando a meta em um patamar inviável de ser alcançada.

Apesar de eu considerar o patamar de 3,05 como um bom nível de elevar a alocação comprada em dólar (BRL), faria este movimento de maneira bastante parcimoniosa no atual cenário. Tecnicamente parece que há espaço para uma rodada de apreciação do BRL até os 3,00 e o cenário externo se mostra favorável a uma rodada de dólar fraco no mundo, mesmo que pontual. Esperaria um sinal de melhora do price-action, e/ou o acumulo de dados econômicos mais positivos nos EUA, elevando a probabilidade de alta de juros em setembro, e/ou um movimento mais forte de “risk-off”, em uma eventualidade de default da Grécia, por exemplo. As captações corporativas externas, aliadas a perspectiva de juros locais mais altos, e uma balança comercial mais positiva, estão claramente ajudando a dar suporte ao BRL no curto-prazo, como vínhamos chamando a atenção a algumas semanas. Acredito que esses são fatores pontuais, mas que devem se levados em conta.

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