Update
Brasil – Os dados de crédito de maio mostraram
continuidade da tendência que já vinha se desenhando desde o ano passado. Observamos
aumento de taxas e de spreads, desaceleração das concessões e uma leve pressão
nos NPLs, mas em um movimento ainda bastante contido.
Levy sinalizou, agora a pouco, que não pretende alterar a meta fiscal
para este no curto-prazo. Segundo ele, ainda existem medidas que podem ser
adotadas para mitigar os efeitos das surpresas negativas de arrecadação. Como
sempre, seu discurso é positivo e otimista. Por hora, o mercado está tendo uma
leitura favorável de sua postura, mesmo sabendo que atingir a meta proposta se
tornou impossível.
Estamos começando a observar alguns sinais, emitidos através de
fontes na mídia, que me levam a crer que o BCB está mais próximo do final do
ciclo de alta de juros. Membros da instituição procuram passar a mensagem que,
mesmo encerrado este ciclo de alta de juros, não veem um cenário para começar
um ciclo de queda no horizonte relevante de tempo. Um novo ciclo de alta,
inclusive, pode vir a ser implementado caso a inflação não convirja para a meta
em 2016 como o esperado.
A curva local de juros vem apresentando um leve movimento de steepening nos últimos dias, que pode
ser fruto da piora das expectativas fiscais e do aumento da probabilidade do
fim do ciclo de alta de juros. O BRL, por sua vez, tem, a grosso modo, seguido
o humor global a risco em torno do dólar no mundo, se mantendo dentro da banda
de 3,05-3,10.
Vejo espaço para um movimento adicional de alta no dólar e
fechamento de taxas locais de juros. Acredito que o técnico de ambos os
mercados esteja mais ”limpo”, em um ambiente em que os fundamentos apontam na
direção de dólar mais forte e juros mais baixos. Prefiro a curva nominal em
detrimento a curva real de juros, e favoreceria a barriga da curva, em torno do
Jan18.
EUA – Os indicadores de
crescimento nos EUA continuam mistos. Hoje foram divulgados o Durable Goods
Orders (fraco), New Home Sales (forte), Richmond Fed (forte) e Markit
Manufacturing PMI (fraco). O Fed não está com pressa em promover o começo do
ciclo de alta de juros no país, mas está pronto para dar início ao processo
caso os números mostrem uma recuperação mais clara do crescimento.
Vejo os ativos de risco ainda operando dentro de “ranges” que vem predominando há alguns
meses. No atual cenário, manteria uma posição comprada em dólar contra uma
cesta de moedas. Vejo um técnico mais leve e uma assimetria favorável. O DXY
voltou acima do patamar de 95 pontos, o que me parece um sinal importante como
suporte para a moeda norte americana. O mercado precifica em torno de uma alta
de 25bps na curva norte americana ao longo de todo este ano, com a
probabilidade do ciclo ser iniciado em setembro menor do que 40%. Assim, existe
amplo espaço para reprecificação de taxas caso o FOMC seja levado a subir os
juros já em setembro. Acredito que, confirmada a solução (pelo menos
temporária) da crise na Grécia, as bolsas da Europa oferecem upside interessante.
Grécia – As negociações seguem
fluidas, porém ainda indefinidas. O Primeiro Ministro grego terá um esforço
enorme para aprovar sua proposta de acordo com seus credores no Parlamento
local. Ainda acredito que um acordo seja possível e o mais provável, mas poderá
causar estragos políticos para parte dos envolvidos.
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