Update
Os papéis soberanos na Europa
continuam ditando a dinâmica dos mercados. Os juros de 10 anos na Alemanha
voltaram a testar o patamar de 1%, com os juros de 10 anos nos EUA confirmando
uma nova banda, em torno de 2,25%-2,50%. Após mais uma rodada de dados
positivos divulgados nos últimos dias nos EUA, o nível de 2,50% ficou muito
próximo a ser atingido e, eventualmente, superado.
Ao que me parece, no curto-prazo, apenas uma intervenção verbal por parte
do ECB ou do Fed, ou uma sequência de dados econômicos mais fracos, serão
capazes de frear este movimento de abertura de taxas nos países desenvolvidos.
O mercado ficou claramente fragilizado em um ambiente de posição técnica ruim
(muitos investidores comprados ou overweight
bonds na Europa e nos EUA).
A despeito desses movimentos,
estamos vendo um arrefecimento do movimento de fortalecimento do USD, com o
mercado a espera de uma sinalização mais clara por parte do Fed de que uma alta
de juros ainda pode vir a acontecer em setembro deste ano.
O price-action após o Payroll, onde o USD falhou em dar continuidade
ao movimento de alta, parece ter causado um “estrago” técnico no mercado,
deixando muitos investidores “mau comprados” na moeda norte-americana, e
favorecendo este movimento de enfraquecimento verificado neste começo de
semana. Mantenho a visão de que o
diferencial de política monetária irá, mais cedo do que tarde, favorecer o USD
em detrimento as demais moedas ao redor do mundo, o que fará com que o USD
volte a apresentar uma tendência de alta, com o DXY buscando o patamar de 100
pontos.
No Brasil, o BRL está testando níveis abaixo de 3,10, onde vejo espaço
para aumentar a posição comprada em USDBRL. Continuo vendo um curto-prazo mais
positivo para o BRL, baseado em um fluxo financeiro mais favorável com a janela
de captações corporativa externas abertas após a emissão secular da Petrobras.
Como sempre será difícil acertar o patamar de equilíbrio no câmbio, recomendo
ao aumento da alocação entre 3,05 e 3,10. Abaixo do patamar de 3,05,
acredito que o BCB irá, oportunisticamente, reduzir a rolagem de swaps
cambiais. Próximo ao patamar de 3,20, por hora, será um nível de redução da
posição comprada. Contudo, em algum momento do tempo, com o cenário externo
mais claro, deveremos ter o rompimento deste patamar de 3,20.
No mercado de juros, o movimento
de flattening continua. Não descarto
a continuidade desta dinâmica. Vejo
valor na parte intermediária e longa da curva, mas entendo que um rally mais acentuado e prolongado irá
depender, em um primeiro momento, de um sinal mais forte de fim do ciclo de
alta da taxa Selic. Me posicionaria na parte mais longa da curva (Jan18 em
diante) mas em um tamanho ainda moderado, visando ter espaço para aumentar a
alocação em preços mais atrativos, ou após um sinal mais claro de encerramento
do ciclo de alta de juros.
Brasil – O programa de concessões
anunciado pelo governo ficou praticamente em linha com o que já vinha sendo
ventilado na mídia nos últimos dias. O plano, à primeira vista, parece amplo e
agressivo. A sua execução, contudo, permanece um grande desafio. Acho difícil
fazer algum efeito de curto-prazo sobre os mercados locais. Todas as atenções
estarão voltadas para o IPCA amanhã e para a Ata do Copom na quinta-feira.
EUA – O NFIB Small Business
Optimism saiu de 96,9 para 98,3 pontos em maio, acima das expectativas de 97,2.
O JOLTS Jobs Openings apresentou alta de 5109 para 5376 em abril, maior alta
mensal da série. A abertura do indicador, contudo, foi um pouco mais fraco do
que o número cheio aparenta. O Wholesale Inventories apresentou alta de 0,4%
MoM em abril, o dobro das expectativas do mercado. Os dados recentes reforçam
as expectativas de um PIB anualizado em torno de 3% no segundo trimestre do
ano, o que dará maior certeza aos membros do Fed na recuperação da economia.
Grécia – As informações continuam
difusas, mas parece cada vez mais claro que esforços estão sendo feitos para
que uma solução seja encontrada. O mercado deverá continua sensível a este tema
até que uma solução seja encontrada, ou um erro político leve a um evento de
cauda.
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